O fantasma das doenças crônicas não-transmissíveis
Nos países mais desenvolvidos, a adesão ao tratamento é em média de apenas 50%, e é ainda menor nos países em desenvolvimento. Na Gâmbia e China apenas 27% e 43% dos pacientes, respectivamente, aderem ao regime de medicação para hipertensão arterial. Os índices são similares em outras doenças como depressão (40%-70%), asma (43% para tratamentos agudos e 28% para manutenção) e HIV/AIDS (37%-83%). No Brasil, a não adesão aos tratamentos varia de 21% a 50% a depender da quantidade de comprimidos a serem ingeridos diariamente. A baixa adesão está associada ao aumento de visitas à emergência, hospitalizações, maior gravidade da doença, duração e custo de tratamento.
Com o envelhecimento populacional acelerado no Brasil, a pergunta não é SE teremos uma doença crônica e sim QUANDO teremos uma doença crônica. Mudar o cenário atual destas doenças exige uma mudança de perspectiva de todos os agentes: governo, indústria farmacêutica, classe médica e pacientes. É necessário desmistificar o olhar e entendimento da cura para uma abordagem de controle das doenças e busca pelo bem-estar e qualidade de vida.
É preciso implementar políticas públicas eficientes, desenvolver medicamentos que tragam maior adesão ao tratamento com comodidade e facilidade de uso (doses menos frequentes, formas farmacêuticas mais confortáveis para pacientes e cuidadores) e ampliar o acesso a informações científicas de qualidade.
É fundamental capacitar profissionais de saúde e famílias e, principalmente, ajudar os pacientes a aprender a conviver de forma mais serena e responsável com as doenças crônicas, sabendo que são os maiores interessados e responsáveis pelo ritmo e resultado dos seus processos de saúde.
*Stevin Zung é médico psiquiatra e diretor médico do Aché Laboratórios Farmacêuticos
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