Energia, finanças e saúde são os setores com mais conexões acionárias, indica estudo

grupo, chamado pelo pesquisador de SIS (sete irmãs da saúde), hoje está ainda mais concentrado. Em fevereiro de 2021, foi anunciada a fusão entre Hapvida e Notre Dame Intermédica; em fevereiro de 2022, a compra da SulAmerica pela Rede D’Or, que também anunciou em maio deste ano a criação de uma nova rede de hospitais com a Bradesco Seguros; em junho deste ano, houve a fusão entre Dasa e Amil para formar a segunda maior rede de hospitais do país.

Em medicamentos, a Eurofarma adquiriu no final de 2023 a colombiana Genfar, que pertencia à Sanofi e fabrica genéricos. Já o Ache integra uma associação com os laboratórios EMS, Hypera Pharma e União Química que controla a Bionovis, fabricante de medicamentos biológicos de alta complexidade e alto custo, que tratam de doenças do sistema imunológico.

Juntas, as companhias formam um oligopólio, defende Rodrigues. “Esse aumento da concentração diminui a concorrência e a livre iniciativa”, diz. Uma das características de uma rede é justamente o fato de ela ser um sistema fechado, e quem está fora depende de quem está dentro para entrar, afirma.

Como exemplos de comportamento que prejudicam o consumidor, o pesquisador cita “quebras de contrato de forma unilateral, alta abusiva de preços e desrespeito às normas da ANS, o que gera o aumento do número de reclamações.” Entre 2018 e 2023, as reclamações contra o setor na agência reguladora saltaram 263%, de 97.336 para 353.784.

Rafael Robba, especializado no direito à saúde, também vê prejuízo no movimento de concentração. Em sua avaliação, um pequeno grupo de empresas determina o preço, a qualidade e a oferta dos produtos de saúde oferecidos em nível nacional.

Procuradas pela Folha para comentar a afirmação de que formam um oligopólio, as empresas não se pronunciaram, com exceção da Eurofarma, que afirmou que a classificação é “fantasiosa”.

“Não temos qualquer relação com as empresas citadas ou com grupos econômicos do setor de seguros de saúde, o mercado farmacêutico é altamente competitivo e pulverizado, e nossas vendas ao setor público representam 1% da receita global da companhia”, afirmou. “Não nos identificamos com nada exposto até aqui, e o resultado nos parece assombrosamente fantasioso.”

Rede D’Or, Dasa, Hapvida (que hoje forma um único grupo com Notre Dame Intermédica) e Aché não responderam até a publicação desta reportagem.

Veja mais