Nesse mercado de Cannabis, startups especializadas na venda de produtos medicinais por meio de plataformas digitais, os chamados marketplaces, surgiram com a missão de resolver vários problemas do cliente em um só lugar. Para quem nunca comprou sequer um óleo de CBD e não sabe onde encontrar, parece a solução dos problemas: além dos medicamentos, oferecem cursos de especialização em medicina endocanabinoides, conectam médicos e pacientes, e cuidam da burocracia da importação do produto junto à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do comércio de Cannabis no Brasil. Apesar de prático, o serviço pode dar vazão a conflitos de interesses entre marcas e médicos a serviço das plataformas, entre outros.
O mercado está aquecido, tanto que a importação de produtos de Cannabis cresceu 93%, de julho de 2022 ao mesmo período de 2023. Surgiram novos negócios, dos mais variados, vendendo de flores a cremes com CBD, acelerando a propaganda indiscriminada nas redes sociais, que virou terra sem lei. Playeres mais antigos passaram a vigiar, reclamar a concorrência agressiva e, em contrapartida, a agência reguladora apertou a fiscalização. No olho desse furacão de interesses, a Cannect, uma das maiores marketplaces, entrou na mira da Anvisa e dos concorrentes, a ponto de ser punida severamente pela agência por fazer propaganda irregular.
O setor da Cannabis tem, sim, normas rígidas, uma vez que está submetida às mesmas regras do mercado farmacêutico, em geral. Por exemplo, no Brasil, não é permitida a propaganda de medicamentos – portanto mesmo sendo o extrato de CBD (Canabidiol, substância terapêutica, derivada da Cannabis) considerado produto medicinal (e não um medicamento), ele fica sujeito a mesma regulação.