Um dos gestores de fundos de investimentos mais renomados do país, Rogerio Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, está animado com a chance de uma mudança na política econômica em 2026 ser um empurrão para a valorização das ações brasileiras. Contudo, ele acha que a mudança não precisa ser na presidência, necessariamente, para a bolsa andar. Basta que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenha uma política fiscal alinhada ao Banco Central.
“Quando o governo vai na direção correta e as políticas monetária e fiscal estão alinhadas, os ativos avançam dramaticamente. Como existe a possibilidade da política econômica alternar, a chance de valorização dos ativos é tão grande que faz frente ao risco de desvalorização dos ativos, caso a política econômica atual continue e gere uma possível crise de confiança no Brasil”, afirmou o gestor nesta quarta-feira (20), em um evento do banco Santander.
“O investidor estrangeiro está dentro da bolsa brasileira. Não totalmente, mas considerando a possibilidade de retorno com os juros altos e os preços muito atrativos das ações, os estrangeiros estão investindo no país e podem aumentar a alocação, caso uma mudança na política econômica aconteça. Não precisa ser um presidente novo, pode ser o atual. Estou bem otimista com a possibilidade de alternância na atual política”, disse.
Na análise de Xavier, o arcabouço fiscal do governo Lula até agora não foi capaz de controlar a trajetória da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e essa deve ser a bússola para os investidores.
“Se tivéssemos que escolher apenas um indicador para seguir, seria a trajetória da dívida pública. Se não encaminharmos uma solução para estabilizar essa dívida, o país vai enfrentar uma crise de confiança e uma desvalorização dos ativos”, afirmou. “Por outro lado, o Brasil já passou por situações difíceis e foram apresentadas soluções que conseguiram endereçar o problema fiscal de alguma forma”, disse.
Mário Torós, sócio, co-chefe de investimentos e gestor da estratégia macro da Ibiuna Investimentos, também ressaltou a importância de uma mudança na política econômica e de uma coerência maior entre a política monetária e fiscal. Na avaliação dele, o Banco Central deve diminuir os juros a partir do início do ano que vem, dependendo de quando o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), vai iniciar os cortes de juros no país.
“Provavelmente o Fed está esperando os dados de emprego de setembro para saber que tipo de ação deve tomar. E o Banco Central do Brasil precisa saber como o Fed deve atuar nas reuniões de setembro, outubro e dezembro”, afirmou. “Tenho a impressão que o Banco Central do Brasil vai ter paciência para iniciar os cortes de juros, talvez no início do ano”, disse.
Fonte: Valor Investe

