25/04/2024 05h01 Atualizado há 4 horas
Depois de uma atuação tímida em crédito privado em 2023, a Western Asset Management, que no Brasil tem R$ 40 bilhões sob gestão, revisou sua estratégia de crescimento. A visão ficou mais positiva para o segmento, que vem assumindo papel cada vez mais importante na gestora, segundo Marc Forster, chefe da Western no Brasil. Diante da perspectiva de uma Selic de um dígito no fim do ciclo, ele afirma que a asset vem investindo em pessoas e sistemas para ampliar sua atuação na área. Entre as estratégias de crescimento está o Creditech, fundo criado há três anos para financiar fintechs e que ficou parado em 2023.
“O ano passado foi um freio de arrumação”, diz Paulo Clini, executivo-chefe de investimentos da Western. Ele conta que o fundo usava apenas capital proprietário, mas que agora a gestora está começando a conversar com investidores qualificados, profissionais e fundos de pensão. A ideia é focar em empresas no chamado “early stage”, ou seja, em estágio inicial, pouco conhecidas, mas que tenham potencial de geração de caixa. “Temos empresas muito interessantes e até com impacto social, com soluções escaláveis, sem modelo de postos de venda, com soluções digitais. É um segmento que vem crescendo cada vez mais”, diz Clini.
Atualmente com patrimônio líquido de R$ 50 milhões, o objetivo é chegar a R$ 300 milhões. Clini prefere não falar em prazo, mas diz que é um montante que deve ser atingido rapidamente.
“De 2014 para cá, tivemos vários ciclos de alta e queda, vários problemas, mas o crédito sempre voltou como ativo importante no portfólio e o mercado secundário se mostrou robusto. Os eventos do ano passado mostraram profundidade do mercado”, afirma Adriano Casarotto, gestor de crédito da Western. A ideia é usar instrumentos de dívida para financiar essas fintechs, como debêntures ou fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs), com garantias no fluxo de caixa ou alienação de recebíveis.
De acordo com Forster, a gestora está “moderadamente otimista”, com a possibilidade de receita maior para as empresas no segundo semestre. Para ele, o país provavelmente vai crescer mais do que o esperado no primeiro trimestre, sustentado pelo consumo. “Isso por causa do efeito positivo das transferências governamentais, como aumento do salário mínimo, antecipação do pagamento de precatórios e do décimo-terceiro de aposentados.”
Casarotto diz que ainda há riscos inflacionários, mas, como a política monetária ainda é restritiva, vê espaço para o Banco Central (BC) continuar com o ciclo de cortes de juros. Como o efeito demora a aparecer, o gestor espera que a melhora no setor de varejo aconteça a partir de julho, incluindo as do setor de linha branca e eletroeletrônicos. “A demanda por crédito neste ano ainda será forte”, avalia. “As dificuldades de 2023 forçaram as empresas a se ajustarem, alongando dívidas e aumentando capital para melhorar a estrutura de seus balanços.”
Fonte: Valor Econômico

