As bolsas de Nova York têm nova sessão de fraqueza e os rendimentos de Treasuries longos sobem novamente nesta terça-feira à medida que Wall Street reavalia as suas expectativas para o ciclo de cortes de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Embora as premissas de início em junho e cortes de 0,75 ponto percentual no total não tenham mudado, dados fortes da economia americana fizeram o mercado se mover para uma perspectiva de política monetária restritiva por mais tempo.
Por volta de 13h05 (de Brasília), o índice Dow Jones tinha queda de 1,22%, a 39.084,26 pontos; o S&P 500 recuava 1,02%, a 5.190,07 pontos; e o Nasdaq cedia 1,34%, a 16.177,40 pontos.
Na renda fixa, a taxa da T-note de 2 anos tinha leve queda a 4,699%, de 4,711% no fechamento de ontem. O ritmo contrastava com o das taxas longas: o retorno da T-note de 10 anos, por exemplo, subia de 4,320% a 4,365% na mesma comparação.
Já o dólar devolve parte dos fortes ganhos das últimas sessões, apesar da expectativa por um Fed mais conservador no curto prazo. Assim, o índice DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de seis pares globais, recuava 0,24%, a 104,768 pontos. Ontem, o índice atingiu 105 pontos pela primeira vez desde meados de novembro do ano passado.
Hoje, o relatório Jolts mostrou que o número de vagas em aberto nos Estados Unidos cresceu de 8,7 milhões a 8,8 milhões. Segundo Nancy Vanden Houten, analista líder para EUA da Oxford Economics, o dado é “consistente com um mercado de trabalho ainda bastante saudável, aliviando quaisquer preocupações entre as autoridades do Fed sobre os riscos negativos para a economia decorrentes da adoção de uma abordagem paciente em relação aos cortes de juros”. Segundo ela, a Oxford revisará a sua previsão para o primeiro corte do banco central americano de maio para junho.
Mas, se o Fed não encontrar apoio nos dados para começar a afrouxar a política monetária no primeiro semestre, é possível que tenha que adiar o primeiro corte para março de 2025, segundo Aditya Bhave e Michael Gapen, economistas do Bank of America. Segundo eles, a taxa anual do índice de preços de gastos com consumo (PCE, medida de inflação mais observada pelo Fed) deve acelerar por conta de efeitos de base na segunda metade deste ano, o que poderia fazer com que o banco central não se sinta confortável para cortar os juros.
A sessão de hoje também é marcada pelo retorno dos negócios na Europa após os feriados de ontem e da sexta-feira passada. O índice Stoxx 600, que compila ações de 17 mercados europeus, fechou em queda de 0,76%, a 508,75 pontos, puxado para baixo por índices acionários da zona do euro.
As ações do bloco monetário europeu responderam mal aos índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) do setor industrial da zona do euro e da Alemanha, que recuaram em março, de acordo com a leitura da S&P Global. Os dados, assim, indicam fraqueza econômica em um cenário em que o Banco Central Europeu (BCE) já tem se mostrado a favor de cortar os juros em breve.
Além disso, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha veio abaixo do esperado na leitura preliminar de março e exibiu a menor taxa anual desde abril de 2021. Por outro lado, no Reino Unido, o PMI industrial subiu ao patamar que indica expansão da atividade no setor ao exibir o seu melhor resultado em 20 meses.
Jane Foley, estrategista-chefe de câmbio do Rabobank, considera que os dados de inflação da zona do euro têm confirmado a expectativa do mercado por um corte do BCE em junho, ao contrário do que ocorre com a economia americana e as previsões para a política do Fed.
“O dólar teve dificuldades para progredir no início do mês passado. Dito isso, o posicionamento dos especuladores da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) sugere que, em relação ao início de março, as posições compradas em dólar caíram significativamente. Isso sugere um potencial renovado para que os otimistas do dólar construam novas posições compradas. Mantemos nossa previsão de 3 meses de US$ 1,05 por euro”, diz a profissional em comentário enviado ao Valor.
Fonte: Valor Econômico

