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Em uma semana em que os dados de inflação dos Estados Unidos aceleraram, Donald Trump ameaçou alguns dos vizinhos mais próximos da América com tarifas agressivas e metade de Wall Street estava em férias, o S&P 500 ainda superou confortavelmente os índices de ações de referência da Europa e da Ásia. Acostume-se com isso, dizem os profissionais do mercado.
No “sell side” e no “buy side”, de UBS a Fidelity International, o veredito é que os mercados de capitais americanos estão prontos para continuar sua dominação global em 2025.
As grandes empresas dos EUA estão se aproximando do melhor ano em comparação com o resto do mundo desde 1997. A “América Corporativa” está tomando empréstimos com notável facilidade, apesar das taxas de juros ainda elevadas. E quem faz “day trade” desfruta de ganhos históricos em apostas especulativas que vão de ETFs (fundos negociados em bolsa) alavancados a cripto.
O desempenho superior dos mercados dos EUA foi mais uma vez exibido em uma semana encurtada por feriados, mas que ainda conseguiu reunir muita ação, começando com uma reação positiva dos investidores ao anúncio do presidente eleito Trump sobre seu indicado para secretário do Tesouro. Dias depois, suas ameaças tarifárias estavam agitando a volatilidade do mercado, enquanto a medida preferida do Federal Reserve, o banco central americano, para a inflação subjacente mostrou um aumento em outubro.
Não importa. O S&P 500 encerrou a semana com alta de 1,1%, enquanto o Índice de Volatilidade Cboe, ou VIX – indicador da demanda por hedge e conhecido como “termômetro do medo” de Wall Street – caiu ao menor nível em quatro meses. O rendimento dos Treasuries de dez anos caiu 0,22 ponto percentual.
Comparativamente, a dívida francesa foi uma das grandes perdedoras devido a maquinações políticas internas, com rendimentos subindo a 1 ponto mais alto em relação aos títulos alemães desde 2012. O Stoxx Europe 600 terminou a semana com alta de apenas 0,4%, enquanto o MSCI Ásia-Pacífico ganhou 0,8%.
Apesar da crescente diferença de avaliação entre ativos americanos e o resto do mundo, os fluxos para ações dos EUA aceleraram no último mês, conforme dados da EPFR compilados pelo Barclays, enquanto a Europa e mercados emergentes enfrentaram perdas. “De uma perspectiva ampla, preferimos os EUA”, disse Caroline Shaw, gerente de portfólio da Fidelity International, à Bloomberg Television. “O crescimento dos lucros ainda será forte.”
O crescimento econômico dos EUA superou o resto do mundo desenvolvido desde a pandemia. O otimismo sobre a continuidade dessa tendência está em toda parte, enraizado nas expectativas de que as políticas de Trump impulsionarão os mercados internos, enquanto seu protecionismo comercial prejudicará o resto do mundo. Embora economistas tenham elevado as previsões para a expansão dos EUA no próximo ano, as projeções para a Europa foram reduzidas.
Os ‘valuations’ podem parecer razoáveis se outras empresas do S&P 500 começarem a fazer dinheiro como as big techs”
Tudo depende da capacidade da perspectiva otimista dos Estados Unidos de permanecer resilientes a qualquer retaliação às suas próprias políticas. Adam Slater, da Oxford Economics, escreveu na semana passada que o otimismo do mercado pode ser prematuro se “aumentos tarifários agressivos dos EUA forem recebidos por retaliações em grande escala”.
Enquanto isso, com os bancos centrais globais novamente em modo de afrouxamento, a gestora Invesco espera que a Europa supere os EUA devido às avaliações mais baixas e maiores ponderações nos setores cíclicos. Estrategistas do Bank of America disseram que a “desconexão extrema” entre o otimismo sobre ativos dos EUA e o pessimismo em relação ao resto do mundo poderia resultar em um desempenho inferior dos EUA.
Mas as apostas pró-EUA venceram repetidamente enquanto os apelos para diversificar investimentos pelo mundo falharam nos últimos anos, com as altas avaliações dos EUA provando não serem um obstáculo para novos ganhos. O mercado dos EUA superou o resto do mundo em quase todos os anos desde a crise financeira global há 15 anos. Isso deu ao mercado americano o maior peso já registrado no índice MSCI World, em comparação com um mínimo recorde para a Europa, segundo o Barclays.
“Você pode ter uma situação em que os ‘valuations’ dos EUA rapidamente começam a parecer razoáveis se as outras empresas no S&P 500 começarem a fazer dinheiro tanto ou relativamente tanto quanto as big techs”, disse Ben Kumar, chefe da estratégia de ações da Seven Investment Management. “Há definitivamente uma sensação agora de que você precisa ter [ativos dos] EUA porque eles estão fazendo algo diferente.”
Para o UBS, há razões claras para esperar um desempenho superior das ações americanas no próximo ano, desde cortes potenciais de impostos até desregulamentação.
“Os EUA têm a menor alavancagem operacional entre todos os principais mercados e, portanto, superam se o crescimento global desacelerar”, escreveu uma equipe liderada por Andrew Garthwaite. “Os EUA devem se beneficiar com Trump em relação a tudo o mais.”
Fonte: Valor Econômico

