“Não me vejo só como executivo, mas também como fundador”, diz o CEO da Afya Educacional, para quem a empresa é um projeto de vida
Por Carin Petti — De São Paulo
19/06/2023 21h26 Atualizado há 19 horas
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Virgílio Gibbon: “Como triplicamos de tamanho nos últimos três anos, estamos sempre atualizando processos” — Foto: Julio Bittencourt/Valor
O primeiro encontro entre o atual CEO da Afya Educacional, Virgilio Gibbon, e seu vice-presidente de gente, gestão e serviços, Denis Del Bianco, até hoje não sai da memória da dupla. Naquela manhã de 2001, ambos, então consultores da Accenture, se conheceram no aeroporto no Rio de Janeiro, de onde seguiram juntos para uma reunião na Cemig em Belo Horizonte. “Ele queria saber tanto sobre o projeto que não me deixava dormir no voo”, recorda Bianco. “Acho que fiz quase cem perguntas”, confirma Gibbon. Desde então, as coisas não mudaram muito. “A fome de perguntar faz você aprender e crescer”, afirma o CEO.
Gibbon chegou ao grupo NRE Educacional em 2016, tendo que comandar cinco instituições de ensino – em Tocantins, Piauí e Minas Gerais – e cerca de três mil alunos, metade deles de medicina. Seis anos e mais de 30 aquisições depois, o grupo mudou o nome para Afya, tem 20,8 mil alunos em cursos de graduação de medicina em 30 instituições de 14 estados. No total, são 67,5 mil alunos de graduação de diferentes áreas, mais 4,8 mil estudantes de pós-graduações e especializações médicas. A empresa ganhou também um braço de serviços digitais. A receita líquida saltou de R$ 148 milhões em 2016 para R$ 2,32 bilhões em 2022. O guidance para 2023 fica entre R$ 2,75 bilhões e R$ 2,85 bilhões.
“Como triplicamos de tamanho nos últimos três anos, estamos sempre atualizando processos”, afirma Gibbon, ao contar que, no início, o objetivo era crescer com foco na graduação médica. Por isso, em 2016, a companhia recebeu um aporte de um fundo da gestora Crescera Capital. Ganhar escala trouxe desafios que permanecem até hoje, o que o faz colocar a mão na massa quando é preciso.
Foi o que ocorreu quando o time enfrentava problemas com a criação do centro de serviços administrativos compartilhados. “O Virgilio entrou na sala e nos ajudou a desenhar os modelos”, conta Del Bianco. “Para mim, não tem trabalho ruim. É preciso contribuir e liderar pelo exemplo”, diz o chefe.
Para sustentar a expansão, a companhia abriu as salas de aula para alunos de especialização e pós-graduação. O processo começou em 2019 com a incorporação da Medcel, especializada em cursos preparatórios para provas de residência médica. Dessa fusão, nasceu a Afya. No mesmo ano, a companhia captou US$ 248 milhões com a abertura de capital na Nasdaq para impulsionar as novas aquisições.
A pandemia trouxe problemas que se tornaram soluções, como a telemedicina e prescrição eletrônicas, antes vistas como heresia, mas depois regulamentadas. De lá para cá, a Afya investiu R$ 508 milhões na aquisição de 11 healthtechs de serviços digitais para a área médica. Hoje, a companhia oferece ferramentas para gestão de vários serviços, acesso a novos protocolos, estudos e tratamentos, e também uma plataforma de comparação de preços de medicamentos em farmácias. Para a indústria, há um serviço para distribuição de conteúdo e amostras a médicos.
“Os serviços digitais para medicina vão crescer muito no país e prevemos, até 2028, aumentar a receita líquida com o segmento de R$ 190 milhões para R$ 1,2 bilhão”, calcula. Com o avanço, a participação desse filão saltará de 10% para algo entre 20% e 30% da receita líquida. “Em dez anos, esse será nosso principal negócio.”
Para o segmento de educação, o plano do executivo é incorporar uma nova instituição com 200 vagas de medicina por ano e chegar a 15% de participação no mercado. Para ele, a Afya é um projeto de vida. “Não me vejo só como executivo, mas também como fundador.”
Virgilio Gibbon
48 anos, CEO da Afya Educacional
- Empresas onde trabalhou: Accenture, TOTVS, Estácio Participações
Formação: Economia na PUC-RJ, com pós-graduações em Stanford, na PUC-RJ e na FGV
Home office ou presencial: Híbrido, com 80% no escritório (“Nada substitui o cafezinho no corredor”) - Aplicativo preferido: WhatsApp
- Tempo de tela no dia: Pelo menos seis horas
- Não vive sem: A companhia da esposa Gabriela e das duas filhas
- Time: Flamengo
- Comida: lasanha à bolonhesa da mãe
- Livro: biografias. Atualmente está lendo “Agassi: uma autobiografia”
- Série: “Arremesso Final”, sobre Michael Jordan
- Hobby: tocar violão e cantar com as filhas, mergulho, pesca submarina, tiro olímpico e tênis
Fonte: Valor Econômico
