Por Ana Luiza Tieghi — De São Paulo
12/01/2024 05h02 Atualizado há 4 horas
O mercado de lajes corporativas de alto padrão em São Paulo terminou o quarto trimestre com vacância de 23,5%, crescimento de 1,85 ponto percentual sobre o ano anterior, segundo a consultoria Cushman & Wakefield.
O crescimento na parcela de escritórios vagos se deu pelo aumento de novas áreas entregues, de acordo com a empresa. Em 2023, foram acrescentados 157 mil m2 de lajes corporativas de alto padrão, maior volume desde 2019.
Daniel Battistella, diretor-geral da empresa no Brasil, pondera ainda que a devolução de escritórios, de 156 mil m2, caiu sobre 2022. Há uma diferença de quase 30 mil m2 entre o que foi devolvido em 2022 e no ano passado, segundo a Cushman. “Isso é sinal de melhora da expectativa do mercado”.
Outra consultoria do setor, a Newmark, detectou vacância estável em 2023, de 23,3%. A empresa considera que a entrega de novo estoque foi de 145 mil m2 no ano, abaixo da média histórica da cidade, de 237 mil m2. Segundo a Newmark, só 70% do previsto para o ano foi entregue, o que teria ajudado a manter a vacância estável.
A absorção líquida, que subtrai as devoluções do total de novas locações, ficou positiva, em 55 mil m2. O valor, porém, é menor do que os 156 mil m2 de 2022.
Segundo a Newmark, a maior parte das transações do quarto trimestre envolveu setores de tecnologia, finanças e consultorias, além de indústrias, com destaque para equipamentos e farmacêuticas.
O preço pedido para a locação dos escritórios cresceu 10,4% em um ano, para uma média de R$ 109,76 por m2 ao mês. Para a Newmark, também houve aumento, de 7%, para R$ 95. A média esconde uma diferença grande conforme a região analisada. A mais barata ao fim de 2023 era Santo Amaro, com metro quadrado a R$ 32,43. É também a região com a maior vacância, de 73,6%.
O metro quadrado mais caro entre os escritórios, de acordo com a Cushman, está no Itaim Bibi, onde são pedidos R$ 280,96. Na região, a vacância está em 17,9% – a menor vacância é na avenida Juscelino Kubitschek, de apenas 5,5%, seguida pela Faria Lima, com 9,8%.
Battistella afirma que Santo Amaro tem estoque pequeno, o que não torna seus números “preocupantes”. “Seria preocupante se tivesse 70% de vacância na Chucri Zaidan ou Paulista”.
A Chucri Zaidan tem o maior estoque da cidade e vacância de 32,6%. Foi a região que mais recebeu locações no ano, por ainda ter muito espaço e pela qualidade dos prédios, que segundo o diretor da Cushman é comparável à da Faria Lima, mas com preços melhores – a média é de R$ 101,57 por m2, ante R$ 220,70 na Faria Lima.
Para 2024, Battistella prevê melhora do mercado “em todos os aspectos”, com valorização do aluguel, queda de vacância e absorção líquida maior. Ajuda que o volume previsto de novos prédios a serem entregues seja menor do que em 2023, de 100 mil m2. Já a Newmark prevê 200 mil m2. A empresa considera regiões que não entram no cálculo da Cushman, como Barra Funda e Alphaville.
Outro fator para o otimismo do diretor é o interesse de fundos de investimento imobiliários (FIIs) por escritórios, movimentação que cresceu em 2023, impulsionada pela queda dos juros. Foram quase R$ 1,2 bilhão movimentados no ano, segundo ele, pra quem isso deve seguir em 2024.
Esses fundos não investem só em escritórios, mas também em galpões e shoppings. Os dois últimos setores têm parecido mais seguros e, como conta o diretor, receberam investimentos mais cedo.
Ao Pipeline, site de negócios do Valor, o sócio da gestora Alianza, Fábio Carvalho, afirmou que fundos que investem em lajes corporativas demandam mais cautela, porque “são muito diferentes entre si e poucos têm ativos de alta qualidade no portfólio”. A diferença de performance entre regiões exige a análise mais cuidadosa.
Para a Newmark, o ano deve ser “promissor”, com demanda crescente e vacância estável ou em queda, segundo relatório. No entanto, a empresa pondera que a instabilidade econômica externa e a desaceleração da economia brasileira podem afetar os planos de crescimento e investimento das empresas, o que também desaceleraria as negociações imobiliárias.
Fonte: Valor Econômico
