Para impulsionar o crescimento, a empresa concentrará o investimento nas suas 30 principais marcas, que representam cerca de três quartos das receitas, e reduzirá outras partes do portfólio
Por Dasha Afanasieva, Bloomberg
26/10/2023 09h45 Atualizado há 4 horas
A Unilever Plc nomeou um novo diretor financeiro e substituiu chefes de várias divisões, enquanto o novo presidente-executivo, Hein Schumacher, prometeu reanimar a empresa, cuja capacidade de ganhar participação de mercado caiu em nível recorde.
O executivo holandês disse quinta-feira que a Unilever concentrará o investimento nas suas 30 principais marcas, que representam cerca de três quartos das receitas, para impulsionar o crescimento, ao mesmo tempo que reduzirá outras partes do seu portfólio.
Schumacher descartou quaisquer aquisições importantes e manteve a meta de vendas de longo prazo da empresa, enquanto gasta mais em marketing para restaurar a competitividade, resistindo à tentação de estourar o caixa da Unilever em um negócio chamativo.
A nova abordagem marca um afastamento da estratégia do CEO anterior, Alan Jope, que foi criticado por uma tentativa fracassada de comprar o antigo negócio de saúde da GSK Plc. Jope também enfatizou o propósito social das marcas da Unilever, algo que, segundo alguns investidores, minou a lucratividade da companhia.
Apenas 38% das marcas da Unilever conseguiram ganhar participação de mercado no último trimestre — o percentual mais baixo da história —, à medida que os consumidores deram preferência a produtos rivais para poupar dinheiro. Assim, o crescimento das vendas no terceiro trimestre ficou aquém das estimativas.
Os resultados foram desanimadores e o plano não envolve nenhuma reestruturação significativa do portfólio, escreveu Tineke Frikkee, chefe de pesquisa no Reino Unido da Waverton. A meta plurianual de crescimento de 3% a 5% está bem abaixo das atuais taxas de inflação.
Schumacher disse que reverterá o mau desempenho e que pretende vender produtos não essenciais, como o desinvestimento de uma participação na Dollar Shave Club, uma empresa de máquinas de barbear que a Unilever comprou por US$ 1 bilhão em 2016.
Para Deborah Aitken, analista da Bloomberg Intelligence, o plano de ação da Unilever sob o novo comando parece transitório e não transformacional, o que pode inicialmente decepcionar.
Outros fabricantes de bens de consumo de marca têm lutado para vender mais produtos à medida que repassam os custos mais elevados das matérias-primas aos consumidores. A Danone e a Procter & Gamble superaram as estimativas de vendas nos últimos trimestres. A Danone, que também vem passando por uma reformulação, elevou na quinta-feira sua projeção de vendas para o ano inteiro.
Reestruturação
O chefe de beleza e bem-estar, Fernando Fernandez, se tornará CFO em 1º de janeiro, substituindo Graeme Pitkethly, que anunciou que vai sair. Os chefes de nutrição e sorvetes, dois dos negócios mais fracos da Unilever, deixarão a empresa.
As novas nomeações, incluindo presidentes para cuidados domiciliares, bem como para beleza e bem-estar, foram internas – algo que pode desapontar aqueles que pensam que a Unilever precisa de uma revisão mais dramática.
Na sequência de um protesto dos acionistas em maio, os cálculos salariais da nova liderança também serão reformulados, tendo em vista o retorno do capital investido e o retorno total dos acionistas.
Schumacher planeja aumentar a lucratividade, apostando no menor preço de matérias-primas. Ele prometeu metas “cristalinas” para métricas operacionais, como produtividade do trabalho e eficiência energética, intensificando as despesas de capital para cumpri-las.
O fraco desempenho dos setores de nutrição e sorvetes, bem como a saída dos seus executivos-chefes, aumenta a especulação de que os negócios acabarão por ser cindidos. O fato de o ativista Nelson Peltz ter ingressado no conselho da Unilever parecia tornar essa estratégia mais provável.
Em teleconferência com analistas, Schumacher, que trabalhou com Peltz na Kraft Heinz, não descartou uma cisão, mas disse que a melhor maneira de gerar retornos é melhorar o desempenho do portfólio que já possui.
Schumacher prometeu aumentar a margem bruta e proporcionar retornos aos acionistas. Mas, diferentemente do seu antecessor, a nova declaração estratégica não mencionou a palavra “propósito”.
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Fonte: Valor Econômico