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Os sócios da JGP Gestão de Crédito assumiram o controle da gestora que nos últimos anos ganhou um certo protagonismo no grupo fundado por André Jakurski, mais conhecido pelas estratégias de multimercados. Alexandre Muller, que montou a divisão dedicada a estratégias de dívida privada cerca de dez anos atrás, já era o principal sócio e, num rearranjo recente, ganhou maior representatividade no negócio.
No fim do ano passado, a JGP Crédito registrava R$ 11,7 bilhões em fundos e carteiras administradas, em comparação aos R$ 10 bilhões debaixo da JGP Gestão de Recursos, que abarca os multimercados, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ao fim de junho, as estratégias de crédito reuniam R$ 14,8 bilhões, de um total de R$ 35,3 bilhões no conjunto, que inclui ainda ações, multimercados e fundos imobiliários.
Segundo um interlocutor a par da movimentação, o último ajuste reequilibra as forças e dá mais poder econômico àquele que efetivamente toca a área, que cresceu aceleradamente na esteira do ciclo de alta de juros.
Pelas informações registradas na junta comercial do Rio de Janeiro, as mudanças ocorreram no início do mês passado, com Roberto Vaimberg, o nome responsável pelas áreas jurídica, compliance, contabilidade e tecnologia, deixando a sociedade. O quadro societário da JGP Crédito passou a ser composto pela JGP Participações Crédito, com uma fatia de 69%, e pela SF 902 Participações, com 31% das cotas.
Segundo Muller respondeu ao Valor, por meio de nota, os sócios executivos da JGP Gestão de Crédito seguiram aumentando sua participação na companhia em 2025, “tendência que se observou em todos os anos desde 2014 como forma de alinhar e reter talentos na ‘partnership’ dinâmica da JGP”.
Atualmente, o controle da JGP Gestão de Crédito é exercido por 24 sócios executivos liderados por Muller, que segue como diretor de investimentos da gestora. Jakurski e outros sócios da JGP Gestão de Recursos seguem como acionistas da vertical de crédito.
Muller acrescenta que todos os 14 sócios executivos da JGP Gestão de Crédito aumentaram suas participações na companhia por meio de uma nova holding neste ano. Houve ainda o ingresso de dez novos sócios oriundos da L6 Capital, como parte da conclusão da aquisição anunciada pela JGP em 2023. A companhia atua na estruturação de dívida e em operações de fusões e aquisições e assessoria financeira sob a marca JGP Financial Advisory.
“As movimentações societárias recentes também tiveram o objetivo de concluir o alinhamento das participações societárias de todos os sócios da JGP Crédito e da JGP Financial Advisory em uma mesma companhia”, diz Muller.
Nas gestoras de recursos, a alma das estratégias é o seu capital humano. Dar mais participação a quem toca um negócio que vem se sobressaindo é blindar seus profissionais de eventuais investidas da concorrência.
Só que, após tornar-se pública a aproximação da Verde Asset Management, de Luis Stuhlberger, com a Vinci Compass, para uma possível associação, o movimento da JGP suscitou questionamentos se não seria um preparo para a sucessão de Jakurski, diz um alocador ligado a uma gestora de fortunas. Em abril, o BTG Pactual acertou a compra da divisão de gestão de patrimônio da JGP, que então reunia R$ 18 bilhões.
Para outra fonte familiarizada com a mudança societária, a alteração de pesos na vertical de crédito não bate, necessariamente, nas outras divisões. “São coisas desassociadas, o ‘business’ de crédito cresceu muito, o multimercado passou por outra dinâmica de tamanho, gerando discussões sobre a velocidade de crescimento das diferentes áreas, e a sociedade não refletia isso”, pondera. “Parece ser um rearranjo relacionado a último ciclo.”
Os multimercados passaram por um período difícil nos últimos três anos. Enfrentaram saques bilionários na sequência do fim do diferimento tributário em fundos fechados exclusivos e restritos, usados por famílias endinheiradas para gestão patrimonial. A mudança tributária, no fim de 2023, coincidiu com uma fase de má performance para a categoria. A Selic em dois dígitos, por sua vez, amplificou os ganhos de títulos de crédito isentos de imposto de renda para pessoa física. O fluxo foi para esses ativos.
O braço de crédito virou o “coração” da JGP, então fazia sentido reequilibrar os pesos dentro da divisão, avalia o executivo responsável por fundos de fundos de um grande distribuidor. “Eles, no crédito, passam a ter maior participação na receita dessa vertical, a próxima fase seria ganhar representação no ‘pool’ da gestora. Dada a relevância do crédito, seria natural abocanhar uma parcela maior do todo.”
Esse observador diz que, nas gestoras de recursos mais antigas, há um desafio sucessório, e no caso da JGP não parece haver um nome com o mesmo protagonismo de Jakurski. “O crédito, talvez, seja um pilar importante para a continuidade do negócio.” Outro passo de consolidação, lembra, foi a associação com a BB Asset para a criação da Régia Capital, gestora dedicada a investimentos com foco em responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG).
Ilan Parnes, executivo da área de relações com investidores da JGP, diz que Jakurski segue desempenhando regularmente suas funções e que não houve alteração nos quadros societários em multimercados, ações e fundos imobiliários. “As áreas de negócios dentro da JGP sempre tiveram seus executivos dedicados e suas atividades independentes, se beneficiando da infraestrutura e sinergias.”
Fonte: Valor Econômico

