A farmacêutica fez vendas de R$ 400 milhões com o hidratante labial Carmed, o equivalente a 13% do seu faturamento total
Por Beth Koike — De São Paulo
Após dez anos sem promover aquisições, a farmacêutica Cimed está em negociações para fechar duas importantes operações. Uma delas é na área de estética como, por exemplo, a compra de marcas de dermocosmésticos. A companhia também quer adquirir uma empresa que atue em vendas porta a porta para distribuição de seus produtos de consumo. A ideia é concluir as duas transações ainda neste semestre, segundo João Adibe Marques, CEO da Cimed, que participou ontem de um evento realizado pelo UBS, em São Paulo.
Já a abertura de capital para esse ano está descartada. “Temos tamanho e governança estruturada para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas não vai ser neste ano, deve ficar para 2025”, disse Marques. A Cimed é a terceira maior farmacêutica do país em volume.
As aquisições vão ajudar a farmacêutica atingir a meta de aumentar a receita dos atuais R$ 3 bilhões para R$ 5 bilhões até o fim de 2025. No fim do ano passado, a Cimed comprou a fabricante catarinense de lenços umedecidos R2M, dona das marcas Bebê Limpinho e Snow Baby. Essa empresa produz 7 milhões de unidades e tem faturamento de R$ 180 milhões, com margem Ebitda de 18%, por ano.
A Cimed pretende integrar a fabricante de lenços umedecidos com o seu negócio de pomadas para assadura e deve fazer o mesmo com na área de estética, uma vez que já possui uma linha de produtos de cuidado para a pele. “As aquisições e expansão da área de produtos para bebê vão impulsionar nosso negócio este ano”, disse.
Em 2023, a Cimed viu sua receita disparar com a venda do hidratante labial Carmed, que se tornou febre no público jovem. Segundo a companhia, o produto movimentou vendas de cerca de R$ 400 milhões, ou seja, 13% do faturamento total da farmacêutica.
Além dos produtos de consumo, Marques disse que há espaço para expansão do mercado de genéricos. Ele argumenta que no Brasil apenas 35% dos medicamentos vendidos são genéricos, enquanto nos Estados Unidos, esse percentual chega a 90%.
Ainda de acordo com o CEO da Cimed, outro projeto que estava em fase piloto e agora será colocado no mercado é o que ele chama de “franquias” em farmácias de pequeno porte. O modelo funciona da seguinte maneira: a Cimed coloca seus produtos na prateleira das farmácias de menor porte e só recebe o pagamento quando o produto é vendido.
A fase inicial envolveu 100 farmácias. Para este ano, estão previstos 1 mil estabelecimentos e a última fase deve alcançar 10 mil lojas. “A dificuldade do microempreendedor é ter crédito, capital de giro. Por isso, neste ano, vamos inovar nosso modelo comercial. Nas pequenas farmácias, teremos prateleiras com nossos produtos, vamos receber quando vender”, disse O CEO da Cimed. “Somos uma empresa de vendas e margem. Acordo todos os dias olhando esses indicadores, além de ‘turnover’ [rotatividade] da equipe. Nosso bônus está atrelado ao ‘turnover’, não dá para ter equipe de vendas que troca a todo momento”, disse.
No ano passado, a Cimed inaugurou sua segunda fábrica na cidade de Pouso Alegre, em Minas Gerais, para dobrar sua capacidade produtiva até 2025, com investimento de R$ 300 milhões.