A empresa estuda meios de promover a separação, mas acredita que o caminho mais provável seria o de uma transação via mercado de capitais, através da criação de uma entidade listada com sede na França
Por Dow Jones — Barcelona
27/10/2023 08h53 Atualizado há 20 minutos
A Sanofi anunciou que planeja dividir suas operações farmacêuticas e de cuidados com a saúde — de medicamentos sem necessidade de prescrição —, tornando-se a mais recente grande farmacêutica a aprimorar seu foco em medicamentos prescritos, ao se desfazer de negócios adjacentes.
A empresa francesa delineou seu plano nesta sexta-feira como parte de uma atualização estratégica que inclui um maior investimento em seus produtos a serem lançados e um programa de redução de custos.
A Sanofi avalia possíveis meios de promover a separação, mas acredita que o caminho mais provável seria o de uma transação via mercado de capitais, através da criação de uma entidade listada com sede na França. A divisão de cuidados com a saúde inclui marcas como Buscopan, Dorflex e Novalgina.
A divisão poderia ocorrer no mínimo no quarto trimestre de 2024, disse.
A medida permitirá à Sanofi aumentar o seu foco em medicamentos com prescrição médica e vacinas, disse a empresa. A divisão criará duas entidades e permitirá que cada uma siga a sua própria estratégia, afirmou.
A Sanofi era uma das poucas grandes empresas farmacêuticas que ainda abrigava medicamentos e operações de saúde ao consumidor sob o mesmo teto.
A Johnson & Johnson, no início deste ano, desmembrou o negócio de saúde do consumidor Kenvue, que possui marcas como Band-Aid e Tylenol, e a GSK separou no ano passado seu braço de consumo Haleon. Outras gigantes farmacêuticas, como Novartis e Pfizer, tomaram medidas semelhantes nos últimos anos.
O plano continua sujeito às condições de mercado e à consulta dos acionistas. O negócio de cuidados de saúde da Sanofi está presente em 150 países e emprega mais de 11 mil pessoas, afirmou.
Resultado
A Sanofi reportou um lucro líquido de 2,52 bilhões de euros (US$ 2,65 bilhões) no terceiro trimestre, alta de 21% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em base ajustada, ou seja, excluindo itens não recorrentes, o lucro líquido do negócio caiu 11%, para 3,20 bilhões de euros, o que a empresa atribuiu à perda de exclusividade do seu medicamento Aubagio, usado em casos de esclerose múltipla recorrente.
A receita com vendas no terceiro trimestre recuou 4,1%, para 11,96 bilhões de euros (US$ 12,63 bilhões).
Em uma base de câmbio constante, as vendas líquidas trimestrais subiram 3,2%, ajudadas pela forte aceitação do lançamento do medicamento Beyfortus para prevenção do vírus sincicial respiratório, ou RSV, e pela força contínua do medicamento antiinflamatório Dupixent.
A farmacêutica francesa ainda manteve suas projeções e metas para 2023. Para este ano, espera que o lucro por ação cresça a um dígito médio a taxas de câmbio constantes.
Os analistas esperavam que a Sanofi reportasse vendas líquidas trimestrais de 12,06 bilhões de euros e um lucro líquido de 3,27 bilhões de euros, de acordo com estimativas de consenso fornecidas pela empresa.
Além do resultado abaixo do esperado, houve ainda um alerta da companhia de que os lucros do próximo ano serão menores por causa dos planos de aumento de investimento em pesquisa e desenvolvimento e mudanças nas regras fiscais globais.
Fonte: Valor Econômico