Por Christian Robles e Sarah Cambon, Dow Jones
29/06/2023 10h53 Atualizado há 14 horas
As demissões recuaram nos Estados Unidos na semana passada e o crescimento econômico foi mais vigoroso do que o inicialmente informado no primeiro trimestre, revelou o governo nesta quinta-feira (29). Outros dados recentes mostraram um aumento das vendas de novas moradias, pedidos de bens duráveis e confiança do consumidor.
“Se você olhar para os dados do último trimestre, o que verá é um crescimento mais forte do que o esperado, mercados de trabalho mais apertados e uma inflação maior que a esperada”, disse na quarta-feira o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em um seminário em Portugal. Isso explica por que a maioria das autoridades do Fed planeja mais dois aumentos das taxas de juros neste ano, disse Powell.
O Fed vem aumentando agressivamente os juros há mais de um ano para combater a inflação via esfriamento da economia, embora tenha mantido as taxas inalteradas na reunião deste mês.
No começo do ano, muitos economistas previam que uma recessão se materializaria a esta altura. De fato, consumidores, trabalhadores e empresas vêm enfrentando dificuldades no último ano, com os juros e a inflação em alta.
Mas, a economia continuou crescendo, mesmo nos bolsões sensíveis aos juros mais altos. O mercado imobiliário residencial é um bom exemplo. Um número historicamente baixo de moradias já existentes à venda ajudou a alavancar as vendas das moradias recém-construídas, que subiram dois dígitos em maio, excedendo em muito as expectativas dos economistas.
“Subestimamos sistematicamente a resiliência da economia americana”, diz Carl Tannenbaum, economista-chefe da Northern Trust.
A S&P Global Market Intelligence disse, nesta quinta-feira, acreditar que o PIB crescerá a uma taxa anualizada de 1,7% no segundo trimestre, que se encerra nesta sexta-feira. Isso é mais que a estimativa do começo do mês, de 0,8%.
O PIB cresceu a uma taxa anualizada de 2% no primeiro trimestre, dado revisto para cima depois de uma expectativa de crescimento de 1,3%, segundo o Departamento do Comércio. Os maiores gastos do consumidor estiveram por trás da revisão. Os gastos do consumidor cresceram a uma taxa anualizada de 4,2% no primeiro trimestre, a maior alta desde a metade de 2021, quando a economia se recuperava dos “lockdowns” da pandemia de covid-19.
Os americanos gastaram muito com bens duráveis, como automóveis, nos primeiros três meses do ano (a uma taxa anualizada de 16,3%). Os gastos com serviços, que incluem saúde, refeições fora de casa e viagens, também registraram um sólido aumento anualizado de 3,2% no primeiro trimestre.
Os pedidos de auxílio desemprego, um reflexo das demissões, caíram em 26 mil na semana passada, para sazonalmente ajustados 239 mil. A queda da semana passada interrompeu um aumento gradual nos pedidos de auxílio desemprego de trabalhadores e sugere que o mercado de trabalho continua historicamente apertado.
Os pedidos contínuos, que refletem o número de pessoas que continuam buscando auxílio desemprego, caíram 19 mil na semana encerrada em 17 de junho, para 1,74 milhão. O número vem caindo desde abril, sugerindo que as pessoas em busca de emprego estão conseguindo encontrar rapidamente.
De modo geral, o mercado de trabalho continua resiliente, apesar das ações do Fed. Os empregadores criaram 339 mil empregos em maio (número sazonalmente ajustado e o maior desde janeiro), e a taxa de desemprego permaneceu próxima de patamares históricos de baixa. A criação de novos empregos superou o número de pessoas em busca de trabalho em abril em milhões.
A Express Employment Professionals, uma agência de recrutamento, vê o mercado de trabalho como vigoroso, mas esfriando um pouco. Muitas companhias estão contratando e a demanda é particularmente forte por alguns trabalhadores, como encanadores, técnicos em aquecimento e refrigeração e profissionais de áreas parecidas. “Ainda estamos vendo essa lacuna no emprego, onde há mais vagas do que candidatos”, diz Stephanie Miller, diretora de aquisição e retenção de talentos da Express.
Mais possíveis candidatos a empregos, especialmente trabalhadores de colarinho branco, procuraram os serviços de colocação da Express nos últimos meses, um sinal de esfriamento em algumas partes do mercado de trabalho. Os empregadores tornaram-se um pouco menos imediatistas na contratação e mais criteriosos com quem entrevistam, segundo Miller. As buscas da parte dos candidatos são mais urgentes em razão de uma queda dos benefícios governamentais e do aumento do custo de vida, acrescenta Miller.
O quadro sólido dos empregos e os gastos vigorosos dos consumidores estão empurrando a economia. “A economia ainda está bastante saudável e parece ter mais algum ímpeto”, afirma Nancy Vanden Houten, economista-chefe da Oxford Economics para os EUA. “Nossa previsão ainda é de que a economia entrará em uma recessão branda, mas acreditamos que ela acontecerá mais tarde do que pensávamos anteriormente.”
Veja aqui o relatório completo.
Fonte: Valor Econômico
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