Vladimir Putin está testando os EUA para saber se eles estão prontos para iniciar discussões para o fim da guerra na Ucrânia. Ele fez sondagens no país, via canais indiretos, para sinalizar que está aberto a negociações, incluindo possivelmente até mesmo futuros acordos de segurança para a Ucrânia. A informação foi dada por duas fontes próximas do Kremlin.
Autoridades americanas disseram não estar a par dessas supostas sondagens, que podem equivaler a um balão de ensaio, e não veem sinais de que o líder russo esteja falando sério sobre buscar um fim dos combates, que se transformaram em um impasse mortal no momento em que a guerra caminha para o seu terceiro ano.
Insinuações de abertura da Rússia a negociações – mesmo que falsas – poderiam ajudar a semear a divisão entre os aliados da Ucrânia, isolando Kiev e minando os esforços do presidente Volodymyr Zelensky para obter apoio ao seu próprio plano de paz, que prevê uma retirada total da Rússia.
As fontes próximas do Kremlin, que pediram para não ser identificadas, disseram que os sinais foram transmitidos a autoridades graduadas dos EUA no mês passado, por meio de um intermediário que elas não quiseram identificar. Putin, segundo as fontes, pode estar disposto a considerar o abandono de uma insistência sobre o status neutro da Ucrânia e até mesmo abandonar sua oposição ao eventual ingresso do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental) — cuja intenção foi uma justificativa central russa para a invasão.
Mas isso teria um custo que Kiev rejeitou categoricamente – a aceitação do controle do Kremlin sobre os territórios que ele ocupou nos últimos anos e que representam cerca de 18% da Ucrânia, incluindo terras tomadas depois do começo da invasão há dois anos.
“O presidente Putin já disse várias vezes que a Rússia estava, está e continuará aberta a negociações com a Ucrânia”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em resposta a uma pergunta da Bloomberg News. “Estamos determinados a alcançar nossos objetivos. E preferiríamos fazer isso por meios diplomáticos. Caso contrário, a operação militar continuará até alcançarmos os nossos objetivos.”
“Não temos conhecimento das mudanças descritas na posição russa”, disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA. “Caberá à Ucrânia decidir se, quando e como vai negociar com a Rússia.”
Embora os EUA estejam “sempre abertos” a negociações, “neste momento, eu não vejo isso”, disse o secretário de Estado, Antony Blinken, no Fórum Econômico Mundial em Davos em 17 de janeiro, quando perguntado sobre a possibilidade de um cessar-fogo de longo prazo.
Fonte: Valor Econômico

