O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, passou meses pacientemente trabalhando para estabelecer consenso entre membros de seu partido na Câmara sobre o orçamento para o país nos próximos anos. Agora, sua paciência acabou.
Johnson, eleito em outubro de 2023 após a destituição do então presidente da Câmara Kevin McCarthy, indicou na quarta-feira que desejava avançar rapidamente com a proposta de orçamento para evitar o shutdown do governo neste fim de semana, rejeitando as exigências de alguns republicanos para ter pelo menos 72 horas para ler a proposta, que foi divulgada nesta quinta e tem mais de mil páginas.
O presidente também rejeitou os pedidos por uma nova medida emergencial de curto prazo para que a Câmara tenha mais tempo para avaliar o projeto de orçamento para 2024, que é superior a US$ 1,1 trilhão. Ele já havia decidido levar o projeto de lei ao plenário, que precisará de ajuda dos democratas para ser aprovado, depois que republicanos radicais no ano passado frustraram as primeiras tentativas de Johnson para aprovar projetos de lei partidários com uma maioria simples. “Temos que governar”, disse Johnson. “Temos que demonstrar que podemos manter isso unido e manter o trem nos trilhos.”
Os seis projetos de lei de orçamento restantes precisam ser aprovados até sexta-feira pela Câmara e pelo Senado para evitar um shutdown parcial das atividades do governo. A aprovação encerraria meses de disputas para avançar com um orçamento completo para o atual ano fiscal, que começou em outubro.
O deputado republicano Chip Roy, que votou contra todos os projetos de orçamento na atual legislatura, criticou a abordagem de Johnson, alegando que ele está fazendo um desserviço ao seu partido. “Eu não acho que é suficiente”, disse após uma conferência fechada dos republicanos na qual Johnson detalhou as vitórias do partido no projeto de lei de orçamento. “Eu não acho que os republicanos deveriam estar empurrando um projeto de lei que tenha menos de 72 horas para ler e não faça o trabalho na fronteira.”
Os apoiadores de Johnson disseram que sua assertividade foi bem recebida. “Eu queria isso do presidente desde o início”, disse o deputado Max Miller, que no início deste ano pediu a punição dos conservadores que eram contra as propostas de orçamento apresentadas. “Talvez ele tenha chegado a um limite ou está apenas confortável no cargo e percebeu que tem um pouco mais de poder que pode exercer e ainda estar bem e manter seu emprego. Isso mostra liderança para mim. Mostra a capacidade de tomar uma decisão.”
Ao enfrentar os dissidentes em seu partido, Johnson está reconhecendo a realidade de que eles não teriam votado a favor da proposta, mesmo que ele tivesse concordado com um atraso. Dos 43 republicanos da Câmara que assinaram uma carta nesta semana pedindo um voto contra o projeto de lei, alegando que financiariam o que eles veem como políticas prejudiciais na fronteira, apenas um – o deputado Tony Gonzales – já votou a favor de um projeto de lei de gastos até agora nesta legislatura. “As pessoas que vão votar contra – você pode dar a elas 72 dias e elas ainda vão votar contra”, disse o deputado Carlos Gimenez, membro do Comitê de Alocações da Câmara, que votou a favor de todos os projetos de lei de gastos. “Algumas pessoas que vão votar a favor – elas não precisam de 72 horas.”
As regras da Câmara exigem que a maioria dos projetos de lei sejam publicados pelo menos 72 horas antes de uma votação. Mas Johnson tem enfrentado esforços internos do Partido Republicano para sabotar projetos de lei antes de chegarem ao plenário.
Pessoas no círculo interno de Johnson dizem que ele está apenas correndo para cumprir um prazo para evitar o shutdown parcial, não enfrentando os dissidentes, e que uma tentativa de última hora da Casa Branca no fim de semana de reabrir o acordo sobre política de fronteira o desviou do curso. “Não é tão complicado”, disse o deputado republicano Drew Ferguson. “Só precisamos pagar algumas contas, não queremos fechar o governo. Às vezes você só precisa ficar tranquilo com o que vai ser.”
O novo projeto de lei de orçamento inclui recursos para aumentar a capacidade das prisões da Imigração e Fiscalização Alfandegária, que saltaria de 34 mil para 42 mil.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/a/4/ETuXjtQWyyvwvM9c2qBA/ap23298112078842.jpg)
— Foto: Jose Luis Magana/AP Photo
Fonte: Valor Econômico

