Por Charley Grant — Dow Jones Newswires
02/01/2024 05h02 Atualizado há 6 horas
Wall Street está otimista em relação ao mercado de ações à medida que o calendário muda para 2024. O ceticismo generalizado do ano passado mostrou-se equivocado. As ações subiram ao longo de grande parte de 2023, impulsionadas pelo avanço da inteligência artificial e por uma economia mais forte do que o previsto pela maioria de Wall Street. A recessão que muitos investidores concordavam estar iminente nunca ocorreu.
Agora, com o S&P 500 a menos de 0,6% de uma máxima recorde, há muito mais otimismo.
Por trás dessa mudança dramática de atitude está a crença, crescente entre os investidores, de que o trabalho do Federal Reserve (Fed) para combater a inflação está se encerrando, pondo fim às altas nas taxas de juros que abalaram os mercados nos últimos anos. Muitos esperam que o banco central reduza as taxas na sequência, alterando as dinâmicas de mercado de maneiras que pareciam improváveis há apenas alguns meses.
Há riscos evidentes no horizonte: uma forte queda nas taxas pode ser seguida de más notícias, como um choque econômico ou recessão. As poucas grandes ações que impulsionaram o mercado no ano passado podem perder força. Eleições iminentes nos EUA, e guerras na Europa e no Oriente Médio, podem tornar o mundo menos amigável para os investidores. Mas os ganhos significativos de 2023 e a perspectiva de mares ainda mais tranquilos à frente ajudaram a dissipar grande parte do pessimismo.
“Em vez de um ambiente de taxas mais altas por mais tempo, é um de mais baixas e num período mais curto”, disse David Kostin, estrategista-chefe de ações dos EUA do Goldman Sachs. O Goldman tem uma meta de 5.100 pontos para o S&P 500, implicando retorno de cerca de 7% em relação aos níveis atuais, perto de 4.770. Estrategistas do J.P. Morgan estão entre os pessimistas, com meta de preço de 4.200.
O ano culminou com um intenso “rali de tudo”, que impulsionou os preços em quase todas as classes de ativos, incluindo ações, títulos, ouro e até mesmo criptomoedas. Os rendimentos de títulos corporativos arriscados caíram para alguns dos níveis mais baixos do ano passado, enquanto os preços dos títulos subiram.
No total, o S&P 500 teve um retorno de 24%. O rendimento dos títulos do Tesouro de dez anos ficou em 3,860%, próximo ao que começou o ano, mas abaixo do pico de 5,021% em outubro. O “índice do medo” de Wall Street, o Cboe Volatility Index, fechou na sexta em 12,52 pontos, perto da mínima de vários anos.
A maioria dos investidores espera que os bons tempos continuem. Uma pesquisa realizada em dezembro pela BofA Securities descobriu que os gestores de fundos estavam mais otimistas do que em qualquer mês desde janeiro de 2022, o que coincide com a última máxima histórica do índice S&P 500. O grupo está coletivamente mais otimista em relação às ações desde fevereiro de 2022.
Mais de 90% dos participantes, que gerenciam coletivamente US$ 691 bilhões, previram que o Fed encerraria a elevação das taxas de juros. Mais de 60% disseram que esperam rendimentos mais baixos dos títulos em um ano, um recorde para a pesquisa.
“Mesmo com os movimentos que tivemos recentemente, você ainda tem mercados de renda fixa atrativos de forma geracional”, disse Matt Orton, chefe de estratégia de mercado na Raymond James Investment Management.
Ele disse que os títulos corporativos parecem especialmente atraentes, oferecendo aos investidores a melhor oportunidade desde a crise de 2008-09 para diversificar suas carteiras e garantir taxas mais altas no longo prazo. Os ganhos também podem ser impulsionados, depois de terem estagnado no ano passado. Wall Street espera um retorno ao crescimento robusto nos lucros corporativos, com analistas prevendo um crescimento de 11,6% nos lucros do S&P 500 no novo ano e 12,5% em 2025, de acordo com a FactSet.
Embora os investidores gostem de títulos e ações em geral, alguns são mais céticos em relação ao grupo dos “Sete Magníficos”, de grandes empresas de tecnologia que dominaram o mercado em 2023. Quase metade dos que responderam a pesquisa identificou a posse de ações dessas sete empresas – Apple, Alphabet, Amazon, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla – como o negócio “mais concorrido” em Wall Street.
A meta de preço média de um ano para as ações dentro dos Sete Magníficos é cerca de 11% mais alta do que o valor de fechamento de sexta, segundo estimativas compiladas pela FactSet. A Nvidia tem o retorno esperado mais alto, cerca de 34%. O pior desempenho é o da Tesla; os analistas projetam que a ação perderá 3%.
“Certamente não as subestimaria, mas não tenho certeza de que superarão o restante do mercado. As outras 493 ações estão em um movimento de recuperação”, disse Tony Roth, diretor de investimentos da Wilmington Trust, referindo-se ao restante do S&P 500. Roth disse que vários outros setores estão com preços atrativos, incluindo financeiro, saúde e energia.
A incerteza decorrente da eleição presidencial de novembro – e a possibilidade de grandes mudanças na política fiscal – também paira como um possível risco para os mercados, afirmaram alguns estrategistas.
O principal risco continua sendo a decepção com a evolução das taxas de juros. As autoridades do Federal Reserve divulgaram projeções de pelo menos três cortes nas taxas em 2024 após sua reunião de política monetária mais recente. Os operadores de derivativos de taxas de juros estão apostando em mais – projetando taxas de juros de cerca de 1,5 ponto percentual abaixo dos níveis atuais, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group. Isso implica seis ou sete cortes pelo banco central, com a maioria esperando o primeiro na reunião de março.
Essa diferença faz com que alguns estrategistas prevejam oscilações de mercado se o Fed for mais lento para cortar do que os investidores esperam.
“Eu apenas acho que ainda haverá desafios, com o mercado talvez estando à frente do Fed”, disse Orton, da Raymond James. “E isso está bem, porque a volatilidade apresenta oportunidades.”
Fonte: Valor Econômico
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