Por Bloomberg
16/11/2023 10h20 Atualizado há 11 minutos
Apenas uma semana depois de a brasileira Nu Holdings Ltd., empresa líder do Grupo Nubank, anunciar um retorno de 15% em suas contas de poupança de alto rendimento no México, a argentina Ualá está aumentando a sua própria taxa de juros em três pontos percentuais, para 15%.
A rapidez da decisão realça a batalha frenética pela aquisição de clientes que as fintechs e os bancos digitais estão travando, à medida que procuram crescer no México, uma das maiores nações desbancarizadas da América Latina. O país emergiu como um mercado-chave para startups de serviços financeiros, uma vez que menos de 50% da população possui conta bancária.
As taxas a 15% são muito competitivas para os poupadores no México, onde a taxa básica do banco central é de 11,25% e a autoridade monetária já sinalizou que só começará a flexibilizar no próximo ano. A inflação desacelerou para 4,26% em outubro, o menor nível em 32 meses. Os bancos mexicanos não oferecem amplamente juros sobre depósitos.
As empresas não estão sozinhas. A Stori, com sede no México, também oferece 15% para aqueles que conseguem sair de sua lista de espera. A Klar, com sede no México, oferece até 14%, e o braço fintech do MercadoLibre, com sede em Buenos Aires, oferece juros de 10,3% sobre os depósitos.
Para ajudar a atrair novos clientes, é necessário apenas um peso (US$ 0,06) para abrir as contas, e algumas delas oferecem vantagens adicionais – por exemplo, Ualá também dá 5% em cashback.
Os rendimentos de 15% da Nu estarão em vigor até 15 de abril, enquanto a Ualá os oferecerá até o final do mesmo mês, segundo comunicados da empresa.
A Nu tem 4,3 milhões de clientes no México, impulsionados pelo lançamento e expansão de sua conta poupança, informou a empresa em seus resultados do terceiro trimestre, divulgados após o mercado na terça-feira (14). A empresa, que apresentou lucro líquido acima das estimativas dos analistas, não divulga o custo de aquisição de clientes por país individual.
“Eles (Nu Holdings) ainda não são lucrativos no México e não se comprometeriam com quando, mas não parecem apressados”, disse James Friedman, analista sênior do Susquehanna International Group LLP.
Desafio atual
Para os bancos tradicionais, competir com essas taxas elevadas não é viável, dada a sua extensa infraestrutura, como agências bancárias e funcionários de agências, disse o CEO do Santander México SA, Felipe Garcia, em entrevista.
“O modelo de negócios é bem diferente. Tenho uma infraestrutura grande e isso é caro”, disse. “Se eu começar a pagar essas taxas, vou à falência.”
Entretanto, os grandes bancos do país têm a vantagem de oferecer uma vasta gama de produtos financeiros, incluindo hipotecas e empréstimos pessoais, acrescentou.
“Nós, os incumbentes, temos todos os produtos disponíveis para que possamos convencer os usuários de que somos igualmente eficientes nas transações e pagamentos, e assim por diante”, disse Garcia. “As fintechs vão captar muitos novos clientes no sistema, dispostos a emprestar-lhes pequenas quantias. Se esses novos participantes eventualmente quiserem uma hipoteca, posso fornecê-la.”
Fonte: Valor Econômico

