Por Gabriel Roca, Valor — São Paulo
25/05/2023 16h09 Atualizado há 17 horas
Os números de inflação revelados pelo IPCA-15 de maio foram considerados uma surpresa positiva para a Santander Asset Management, e, ainda que a “fotografia” dos núcleos de inflação e da inflação de serviços traga um retrato desafiador, novas leituras como a de hoje aumentam a probabilidade de antecipação dos cortes de juros.
Atualmente, o cenário-base do economista-chefe da Santander Asset Management, Eduardo Jarra, contempla o início do afrouxamento monetário em novembro. “Tendo surpresas positivas, como a de hoje, vai continuar aumentando, na margem, a possibilidade de os cortes começarem em setembro”, avalia o profissional.
Segundo Jarra, o número de hoje aumenta a confiança no processo de desaceleração do IPCA, ao indicar uma evolução mais construtiva do balanço de riscos para a inflação. “É só um dado, mas é uma evolução um pouco mais construtiva”, aponta.
Por outro lado, o economista aponta que o cenário geral ainda revela uma trajetória de desinflação difícil e gradual do ponto de vista dos núcleos e da inflação de serviços. “Ainda que o dado tenha trazido uma mensagem benigna, não parece que muda, de forma mais relevante, a visão geral que estamos na segunda etapa do processo de desinflação, como vem indicando o próprio Banco Central. Ela está em curso, é uma boa notícia, mas ocorre em uma velocidade um pouco lenta”, afirma.
Outros dois fatores importantes para a trajetória da política monetária, segundo Jarra, são a definição das metas de inflação na reunião de junho do Conselho Monetário Nacional (CMN) e a capacidade do governo em se mostrar bem sucedido nas medidas de aumentar a arrecadação, previstas no projeto do novo arcabouço fiscal.
“Sempre trabalhamos com o cenário de manutenção da meta de inflação em 3% e deve haver alguma melhora nas expectativas caso ela seja mantida nesse nível. Isso já estaria contemplado na nossa visão de cortes de juros em novembro”, afirma.
Em relação ao arcabouço fiscal, a avaliação de Jarra é de que a elaboração do conjunto de regras reduz os riscos de uma trajetória explosiva da dívida, mas é preciso monitorar a tramitação dele no Congresso Nacional e como vão evoluir as medidas de aumento de receitas do governo.
“O fiscal vai continuar demandando atenção para os próximos anos. Dado o andamento deste assunto, nossa hipótese é que o fiscal não vai ser um impeditivo para o cenário de cortes de juros ainda em 2023, em novembro ou um pouco mais cedo se as coisas caminharem um pouco melhor do que se imagina”, afirma.
Fonte: Valor Econômico

