28 Nov 2022 ISAAC DE OLIVEIRA
A busca por ativos no exterior pode ser uma nova tendência no mercado brasileiro. Igor Rongel, chefe da área de investimentos do C6 Bank, notou um aumento do interesse dos clientes do banco digital por ativos internacionais, em um ano marcado pela renda fixa nos holofotes após a retomada da trajetória de alta da Selic.
“2022 foi um ano até acima das expectativas. Os juros em patamares altos geraram a migração esperada para os produtos de renda fixa. Ainda assim, a hipótese de retração na renda variável não aconteceu. As pessoas que foram para a Bolsa quando os juros estavam a 2% ao ano continuaram lá”, avalia Rongel. “Outro movimento que enxergamos foi uma demanda maior por produtos internacionais. O investidor se deu conta de que, dificilmente, as melhores oportunidades de investimento estão no Brasil.”
Diante do que se desenha para a política econômica da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, a corretora americana Avenue já viu o número de abertura de contas ficar três vezes acima da média pré-eleição. Os volumes de remessas mais do que duplicaram.
Para atender à demanda do investidor por diversificação no exterior, o C6 deverá continuar expandindo a sua solução de investimento internacional. No primeiro semestre de 2023, os clientes do banco já poderão acessar títulos de renda fixa pela plataforma, adianta Rongel.
Ele também fala sobre o que o investidor não pode deixar de fazer em 2023 e as expectativas para os investimentos sob novo governo. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como o Sr. resume 2022 no mercado?
Foi um ano acima das expectativas. Os juros em patamares tão altos geraram a migração esperada para a renda fixa. A hipótese de retração na renda variável não aconteceu. As pessoas que foram para a Bolsa quando os juros estavam a 2% ao ano continuaram. Outro movimento foi uma demanda maior por produtos internacionais. O investidor se deu conta de que dificilmente as melhores oportunidades de investimento estão no Brasil.
E qual investimento foi campeão do ano?
Quem teve uma carteira diversificada e alocou um pouco mais em renda fixa neste ano se deu melhor.
O que não poderá faltar na carteira dos investidores que esperam aumentar os rendimentos em 2023?
Sempre precisa ter diversificação adequada ao perfil de risco, independentemente do cenário financeiro. Provavelmente é na renda fixa que precisa trabalhar de acordo com o perfil, com uma exposição um pouco mais avançada. A diversificação internacional também deveria ser um pilar bem trabalhado dentro da adequação de cada perfil de risco. Não enxergamos uma mudança muito drástica desse cenário.
Quais são as suas expectativas para 2023 com o início do novo governo?
Sempre nos preparamos independentemente do cenário político. Do ponto de vista mais macroeconômico, as taxas de juros permanecerão altas e a inflação provavelmente vai começar a ceder um pouco mais no fim do ano que vem. O câmbio é muito difícil de prever. Se o investidor estiver dentro do seu nível de risco, diversificado de uma maneira eficiente, vai aguentar qualquer cenário.
O C6 aparece nas primeiras posições do ranking de reclamações do BC. Como planeja melhorar esse desempenho?
Montamos várias forças-tarefa dentro do banco. Os produtos que lideram esse ranking são os que têm maior consumo e transação, como cartão de crédito e conta corrente. Independentemente de o produto ser mais transacionado ou menos, a seriedade é a mesma. E já deu resultado, caímos de primeiro para segundo lugar no ranking e o julgamento dos casos tem um delay de até três meses, então vamos cair mais ainda.
Como avalia o banco na oferta de benefícios?
O ecossistema de investimento tem competidores bem consolidados. Somos um banco novo, que cresceu bastante, mas ainda estamos atacando o mercado. Apostamos em uma assessoria mais pró-cliente, humana. Não remuneramos o assessor pela ‘empurroterapia’ de produtos. Nossa conta global de investimento é um veículo muito eficiente. O cliente não precisa fazer desembolso adicional se portar recurso para o banco. Não queremos ficar nessa briga só de taxa e produto, porque isso está com os dias contados. Vai ganhar quem apresentar a prateleira completa, a melhor solução e transparência.
O Sr. pode detalhar os planos para o segmento internacional?
Vamos fazer duas coisas. A primeira é rechear a nossa plataforma internacional. Teremos alguns produtos de renda fixa de fora no aplicativo no primeiro semestre de 2023. O segundo drive é fazer com que o cliente se sinta à vontade de investir internacionalmente, tornando a experiência tão simples como a de investir no Brasil. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

