Os temores do mercado em relação às expectativas de inflação de médio prazo adicionaram cautela aos negócios e levaram os juros futuros às máximas do dia. Há uma preocupação entre agentes financeiros sobre uma alta das projeções para o IPCA em prazos mais longos (2025, 2026 e 2027) já na segunda-feira, na divulgação do Boletim Focus, o que leva o mercado a se antecipar e exigir prêmios de risco mais altos em toda a extensão da curva a termo, especialmente nos trechos intermediários.
Isso ocorre após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) , que decidiu por um corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 10,50% ao ano, inferior ao sinalizado inicialmente (0,50 ponto), com um placar dividido. Os quatro diretores indicados pelo governo votaram pela redução maior, alimentando temores de que o Banco Central seja mais leniente com a inflação após Roberto Campos Neto deixar a presidência da autarquia, no fim deste ano.
Por volta de 16h55, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 passava de 10,265% no ajuste do dia anterior para 10,31%; a do DI para janeiro de 2026 oscilava de 10,495% para 10,58%; a do DI para janeiro de 2027 avançava de 10,88% para 10,98%; e a do DI para janeiro de 2029 subia de 11,43% para 11,52%.
O Valor teve acesso a uma consulta informal feita por economistas de grandes gestoras brasileiras, que mostrou um aumento nas estimativas medianas nas projeções de inflação de médio prazo. Nessa sondagem, o ponto-médio de 24 projeções coletadas para o IPCA de 2025 ficou em 3,98%, enquanto a mediana das estimativas para a inflação de 2026 ficou em 4%.
Participantes do mercado citaram, ainda, levantamento feito nesta sexta-feira pela XP com 30 instituições financeiras. O ponto-médio das estimativas para o IPCA de 2025 ficou em 3,9%; enquanto as medianas das projeções de inflação de 2026 e de 2027 ficaram em 4%. Caso o Focus confirme esse cenário, seria um salto em relação às expectativas divulgadas no início da semana, que estavam em 3,64% para 2025 e em 3,50% para 2026 e 2027.
“Pouco menos da metade mudou alguma projeção de inflação para 2025, 2026 ou 2027 e cerca de um terço aumentou apenas as mais longas, de 2026 e 2027. Os aumentos entre aqueles que mudaram projeções foram de 0,1 p.p., 0,2 p.p. e 0,3 p.p., nas respectivas medianas”, disse a XP ao revelar os resultados da pesquisa informal feita com os participantes do mercado.
“Vale notar que entre as casas que não mudaram projeções, a mediana para 2026 e 2027 já era mais elevada (4% para ambos os anos). Entre as que mudaram, a mediana para 2026 e 2027 também ficou em 4%. Ou seja, quem tinha números mais altos em geral manteve projeções, enquanto quem tinha projeções menores subiu”, observam os estrategistas da XP.
fonte: valor econômico
