Os discursos de campanha improvisados do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump circulam ao redor do mundo, destacando problemas e desavenças com governos estrangeiros. Até pouco tempo atrás, dirigentes de todo o mundo tinham deixado de prestar atenção nele. Agora esses dirigentes analisam cada palavra de Trump e se preparam para o caso dele voltar à Casa Branca.
Depois da vitória retumbante nas primárias de New Hampshire na terça-feira, o ex-presidente parece estar no rumo de garantir a indicação do Partido Republicano. Em algumas pesquisas, ele está à frente do presidente Joe Biden em um confronto direto entre os dois para a eleição.
Trump já prometeu deportações em massa, uma resolução rápida da guerra na Ucrânia e medidas enérgicas quanto às importações — ele se autodenomina “o homem da sobretaxa”. O ex-presidente também acusa Taiwan de roubar o setor de microchips dos EUA. E promete adotar uma linha dura contra a China, o Irã e os países europeus que não gastam o suficiente na área de defesa.
Líderes de muitos dos países aliados mais próximos dos EUA temem um governo disposto a ignorar as normas e tradições diplomáticas. Alguns também se preocupam com a possibilidade de que um segundo governo Trump retalhe o guarda-chuva de segurança dos EUA que está no centro de uma ordem do pós-guerra que trouxe paz, democracia e prosperidade crescente para grande parte do mundo. Outros veem uma vantagem em potencial em um presidente que enfatiza o pragmatismo do mundo empresarial.
Para se preparar, governos estrangeiros trabalham com seus contatos em Washington, na esperança de descobrir quem se juntará ao círculo íntimo de Trump e quais são suas ideias políticas. Dirigentes fazem propaganda das medidas que tomaram nos últimos anos que sabem que são importantes para Trump, como o aumento dos gastos militares. E se preparam para um governo dos EUA mais voltado para dentro.
“Queremos ajudar o mundo, se possível”, disse Trump em um discurso de campanha em New Hampshire. Mas ele fez uma ressalva: “Primeiro temos de ajudar a nós mesmos. Nosso país está em uma situação horrível.”
Ele fez pouco de Nikki Haley, sua única rival pela indicação republicana, e a chamou de “uma globalista idiota”. Haley, que foi embaixadora de seu governo nas Nações Unidas, “pode ser manipulada facilmente para conseguir e enviar centenas de bilhões de dólares para a Ucrânia”, segundo ele.
“Eu também quero ajudar a Ucrânia”, disse Trump. “O problema que tenho é que isso nunca deveria ter acontecido.” Trump afirmou que não havia “nenhuma chance de Putin ter feito isso comigo lá”, referindo-se à invasão da Ucrânia iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, há dois anos. “Eu costumava conversar com ele. Eu era a menina dos olhos dele. Ele nunca faria isso porque eu lhe contei o que faríamos a eles.”
Fonte: Valor Econômico
