Por Bloomberg
18/12/2023 17h03 Atualizado há 13 horas
Para os que apostam na China em Wall Street, 2023 é um ano para esquecer. O otimismo sobre o mercado era quase unânime entre bancos de investimento globais nesta mesma época no ano passado, mas agora muitos se veem surpreendidos por uma queda de 14% do índice MSCI China.
E quando autoridades intensificam os esforços para aliviar a crise imobiliária e estender o apoio financeiro à economia em geral, aumentam novamente as esperanças de que em 2024 será melhor. Mas, desta vez, as expectativas são muito mais modestas.
“É como se tivéssemos parado no tempo durante 12 meses. O que mudou, porém, foram as percepções das pessoas. Passaram de muito otimistas a muito pessimistas”, disse Steve Wreford, gestor de portfólio da Lazard Asset Management. “Ser otimista há um ano era a coisa errada a fazer. E me pergunto se talvez agora ser pessimista também seja a coisa errada a fazer.”
Que diferença em apenas um ano. No final de 2022, Goldman Sachs, J.P. Morgan Chase e o Morgan Stanley previam ganhos anuais de pelo menos 10% para o indicador MSCI, à medida que o governo de Pequim desmantelava os rigorosos controles da covid. Uma pesquisa do Bank of America mostrou que fundos tinham pressa em aumentar a exposição às ações chinesas, na expectativa de uma reabertura econômica forte.
A realidade foi dura. Embora as bolsas dos EUA, do Japão e da Índia tenham subido neste ano, índices acionários da China recuaram, com o pior desempenho do mundo entre os principais mercados. Ações de empresas onshore devem registrar o quinto mês consecutivo recorde de saídas de fundos estrangeiros em dezembro.
Em retrospectiva, o otimismo equivocado de Wall Street reflete o problema de subestimar a magnitude dos obstáculos, que vão desde o consumo fraco a problemas habitacionais de longo prazo, bem como tensões geopolíticas, e de superestimar a disposição das autoridades de aumentar a despesa fiscal em uma economia endividada. Mas também reflete as dificuldades de navegar em um mercado onde a formulação de políticas se tornou cada vez mais opaca e imprevisível.
Com o fracasso do rali inicial da reabertura e as esperanças de um forte programa de estímulo de minadas, alguns investidores que apostavam em ganhos com a China começaram a se adaptar à nova realidade. O J.P. Morgan foi um dos primeiros a agir, rebaixando sua perspectiva em meados do ano. O Morgan Stanley deu esse passo em agosto, colocando a China em “equal-weight”.
O Goldman Sachs esperou até novembro para reduzir sua recomendação para ações chinesas negociadas em Hong Kong, citando um crescimento moderado dos lucros. O banco continua “overweight” em ações da China continental.
“Nós de fato recomendamos ‘risk-on’ em abril. Infelizmente, não funcionou. Portanto, essa foi a previsão errada”, disse Wendy Liu, estrategista-chefe de renda variável do J.P. Morgan para Ásia e China. “Desde maio de 2023, ficamos muito mais cautelosos quanto ao ‘downside’ do crescimento”, e pessoas com esperanças de um forte estímulo se sentiram enganadas.
O estrategista-chefe do Morgan Stanley para Ásia e mercados emergentes, Jonathan Garner, disse que o banco foi “efetivamente cauteloso com a China” durante a maior parte do tempo desde o início de 2021, enquanto o Goldman Sachs não respondeu a um pedido de comentário.
Resposta de autoridades
Para alguns otimistas em relação à China, incluindo estrategistas de bancos fora dos EUA, como Herald van der Linde, do HSBC, o desaquecimento econômico da China e seus problemas imobiliários tinham sido bem antecipados. O que mais o surpreendeu foi que a resposta das autoridades se mostrou “muito lenta e cautelosa”, disse. “Isso foi o mais difícil de prever.”
Outros atribuem o fraco desempenho do mercado à ausência de “gastos de vingança” por parte dos consumidores chineses.
“Eles passaram por uma experiência muito traumática com a Covid. Ficaram muito mais presos” do que em qualquer outro lugar, disse Rajeev De Mello, gestor de portfólio global macro da GAMA Asset Management, que reduziu suas posições em China à medida que a recuperação da reabertura perdia força. “Portanto, provavelmente as famílias estão mais cautelosas.”
Olhando para 2024, a maioria dos bancos de Wall Street continua otimista em relação às ações chinesas, apesar de muitos terem reduzido suas previsões e esperarem ganhos de apenas um dígito para o indicador MSCI China.
Fonte: Valor Econômico
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