O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (21) que a inflação de serviços no Brasil segue “um pouco acima” do observado no período 2018-2019, mas que está em um processo de convergência. Campos participou de evento da Frente Parlamentar Mista para a Criação de Estímulos Econômicos para a Preservação Ambiental em Brasília.
Segundo Campos, os últimos números da inflação de serviços foram “marginalmente piores”. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu pela redução da taxa Selic para 11,25% ao ano, consta entre os fatores de risco de alta uma “maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado”.
Ainda sobre a inflação de serviços persistente, Campos afirmou que, “como o desemprego caiu, estamos olhando o mercado de trabalho”.
O presidente do BC também comentou sobre o cenário global de inflação. Segundo ele, o grande debate atual é sobre quais fatores da inflação “vamos continuar observando”. Campos Neto ressaltou que os preços de bens estão caindo bastante e o tema da China adicionou desinflação de bens. Além disso, observou que há uma desaceleração da atividade econômica na China com uma mudança no modelo crescimento mais voltado para serviços e consumo interno.
Nos Estados Unidos, Campos pontuou que a atividade econômica está muito forte e que há um processo de manutenção de juros, mas com indicação de queda em breve, assim como grande parte dos países desenvolvidos.
Ainda sobre os Estados Unidos, Campos afirmou que o tema da trajetória da dívida será discutido no futuro. Segundo ele, o problema de uma dívida americana mais alta é que os juros também estão mais altos e, como o custo do serviço da dívida é maior, “é como se estivesse roubando de liquidez de outros mercados”, como a dívida privada e o mundo emergente.
Campos afirmou que outros fatores podem influenciar o cenário também. “Se os juros americanos ficarem mais altos por mais tempo, esse efeito cumulativo começa a aparecer”, disse.
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fonte: Valor Econômico