O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou há pouco que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para o governo incluir um ministério nas discussões sobre corte de gastos. Ele não revelou qual é a pasta, disse apenas que o ministério não estava envolvido nas reuniões da semana passada. Segundo apuração do Valor, trata-se do Ministério da Defesa.
Segundo o ministro, essa pasta deverá dar um retorno até quarta-feira (13) para saber se entrará ou não nas medidas de corte de gastos para dar sustentabilidade ao novo arcabouço fiscal.
“O presidente pediu para incluir um ministério nesse esforço que deve ser concluído até quarta-feira. Vamos aguardar quarta-feira um posicionamento desse ministério”, disse Haddad nesta segunda-feira (11), ao deixar o prédio da pasta em Brasília.
Já em relação aos ministérios que participaram na semana passada das discussões, Haddad afirmou que o debate foi encerrado ontem (10), em uma reunião no Palácio do Alvorada.
“Dos ministérios que estavam na mesa durante semana passada toda, nós já concluímos os debates com eles e os atos já estão sendo feitos e encaminhados para a Casa Civil”, contou o ministro.
Entre os ministérios que participaram das negociações, estão Saúde, Educação, Trabalho, Previdência e Desenvolvimento Social. Questionado se alguma dessas pastas pediu mudanças que desidratassem o pacote de gastos, Haddad negou.
“Não, para ser bem honesto, foi muito bem [as discussões]. Tiveram ajustes e aperfeiçoamentos foram incorporados, sim. Mas eu não chamaria de desidratação, pelo contrário. Penso que tornam as medidas mais compreensíveis, mais palatáveis. Nós entendemos que o processo foi muito benéfico”, disse Haddad sobre a participação dos ministros da área social no debate sobre o pacote de corte de gastos.
Ele também comentou que é natural que haja debates sobre o tema e que a diretriz do pacote segue a mesma, ou seja, de trazer despesas para dentro do arcabouço fiscal.
“Permanece aquela diretriz que nós anunciamos desde o começo desse processo, de fortalecer o arcabouço fiscal, de trazer para dentro do arcabouço fiscal aquilo que eventualmente não estivesse se comportando da maneira como nós esperamos para consolidar essa transição de um regime de déficit elevado e baixo crescimento para um regime de equilíbrio fiscal com crescimento sustentável”, afirmou Haddad.
Ele também saiu em defesas das medidas que serão anunciadas, dizendo que elas não vão prejudicar os trabalhadores. “Nós estamos muito seguros do que o que nós estamos fazendo é para o bem dos trabalhadores. Controlar a inflação é parte do nosso trabalho. Manter a atividade econômica é parte do nosso trabalho. É um equilíbrio. É um equilíbrio entre variáveis importantes para todos os brasileiros”, comentou.
O ministro comentou também que a economia está crescendo bem, com baixa inflação e crescimento do salário, e que as medidas vêm para reforçar esse cenário de estabilidade econômica.
Sobre os detalhes pendentes da semana passada, Haddad disse que já foram resolvidos.
Por fim, o ministro reforçou que o calendário de divulgação das medidas quem definirá é o presidente, em reunião que deve acontecer amanhã à tarde.
Novo debate com Lula
Haddad afirmou ainda que discutirá nesta terça-feira à tarde com o presidente Lula sobre a forma de encaminhamento ao Congresso Nacional das medidas de corte de gasto para dar sustentabilidade ao novo arcabouço fiscal.
“Amanhã à tarde tem uma reunião com o presidente sobre o encaminhamento para o Congresso”, afirmou o ministro na noite desta segunda-feira (11), ao deixar o prédio da Fazenda, em Brasília.
Segundo o ministro, ele também vai discutir amanhã com o presidente Lula sobre quando será a conversa prévia sobre o tema que o governo deve ter com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente.
Na semana passada, Haddad já havia dito que, provavelmente, haveria uma apresentação prévia a Lira e Pacheco das propostas antes do encaminhamento das medidas.
O ministro também comentou que já vem falando, por telefone, com os presidentes das duas casas do Congresso Nacional sobre as propostas.
Questionado se, com o atraso no envio, o tempo ficaria curto para apreciação das medidas ainda neste ano, Haddad respondeu que acredita na aprovação em 2024: “acho que sim”.
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Fonte: Valor Econômico

