A guerra na Ucrânia completa amanhã seu segundo ano como o conflito que mais alterou os fundamentos políticos e econômicos da Europa – e do mundo – desde a 2ª Guerra, sem sinais de um final. A invasão por parte da Rússia causou mudanças estruturais em organismos de defesa, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental), e na União Europeia, que precisou buscar consensos que vinham vacilando nos últimos anos.
Mas nenhum setor foi tão afetado quanto o de energia.
Antes da guerra, 90% do gás natural consumido na UE era importado. A Rússia era a maior fornecedora, responsável por 55% do produto que chegava à Alemanha – maior economia da UE.
Com o conflito, a Rússia respondeu a sanções econômicas internacionais fechando as torneiras de seus gasodutos para a Europa, forçando o continente a buscar outras matrizes energéticas – e a abrir mão, por exemplo, de metas ambientais. A produção e o consumo de carvão na UE em 2022 cresceram 5% e 2%, respectivamente. Na Alemanha, o combustível fóssil voltou a ser a principal matriz energética.
Passado o impacto inicial, a Europa conseguiu em 2023 se adaptar, com redução de 15% no uso de gás em relação a 2022 e aumento na economia de energia. A Alemanha também recuou e no ano passado registrou o menor nível de produção de energia por carvão em 60 anos.
Mas a Rússia também se adaptou. Isolada do mundo Ocidental pelas sanções que proibiam a compra de gás e petróleo russo, Moscou iniciou um esforço diplomático para vender produtos a nações não-alinhadas com o Ocidente, caso da Índia, que se tornou a principal compradora de petróleo russo em 2023 ao adquirir o equivalente a US$ 37 bi do combustível.
O novo alinhamento russo também foi essencial para a manutenção da guerra ao se aproximar de países com capacidade militar, como Irã e Coreia do Norte.
“Os russos obtiveram mísseis balísticos e um milhão de projéteis de artilharia e receberam centenas de drones do Irã, que colaborou para produzi-los no interior da Rússia”, explica Maksym Beznosiuk, diretor do UAinFocus, site especializado na guerra da Ucrânia.
A Rússia também reorganizou sua economia para o esforço de guerra. Desde fevereiro de 2022, Moscou afirma que aumentou a produção de tanques em 5,6 vezes, de munições de artilharia em 17,5 vezes e de veículos aéreos não tripulados em 16,8 vezes.
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Fonte: Valor Econômico

