Por Sérgio Tauhata — De São Paulo
08/06/2022 05h03 Atualizado há 5 horas
A negatividade em relação à economia global está crescente, disse a chefe de investimento em ações e participações do Fundo de Pensão dos Professores de Ontario, Karen Frank, em painel sobre como a perspectiva de recessão no mundo pode afetar o apetite do investidor, em evento on-line do “Financial Times” ontem. “Como diz um velho ditado, nós [investidores globais] esperamos pelo melhor, que seria uma aterrissagem suave [da economia], mas nos preparamos para o pior.”
Conforme a gestora, “a desaceleração não tem sido uniforme entre as regiões, mas certamente a negatividade está crescente e cada vez mais evidente”. Para ela, “o mercado [de participação em empresas e investimento em papéis corporativos], em geral, diminuiu o passo”.
De acordo com a executiva, além da disrupção na cadeia de suprimentos causada pela pandemia e amplificada pela guerra da Ucrânia, “começamos a ver [problemas] se manifestando no lado da demanda”. Há queda de volumes e menor habilidade de repassar aumento de custos, “porque o consumidor não pode mais tolerar isso”.
O co-fundador e sócio gerente da Recognize, David Wasserman, ressaltou haver um crescente sentimento negativo nos conselhos de grandes corporações. “E agora começamos a ver isso também entre os consumidores”, apontou. “[Para as empresas] precificar – e precificar para compensar a inflação – tem ficado cada vez mais difícil.”
O sócio gerente da 17Capital, Pierre-Antoine de Selancy, disse ver duas tendências que se consolidaram nos últimos cinco a seis meses. A primeira é “uma pesada desaceleração na distribuição”. Conforme o gestor, “tivemos no primeiro trimestre deste ano uma distribuição [global] 30% menor na comparação com o mesmo período de 2021, e naquele momento vivíamos ainda em ‘lockdowns’ e vários lugares”.
O segundo fator é que “muitas pessoas estão se preparando para o pior”. Esse sentimento negativo tem levado, neste início de ano, a uma atividade mais intensa de emissões. “[Empresas e instituições] têm tentando levantar fundos agora para o resto do ano e para 2023, antecipando-se a um ambiente mais difícil.”
Hoje, ponderou, a indústria de private equity global retém um poder de fogo para investir (“dry powder”) historicamente elevado, de cerca de US$ 1,2 trilhão.
Fonte: Valor Econômico