Por Adriana Cotias, Valor — São Paulo
31/08/2022 15h46 Atualizado há 18 horas
O segmento de gestão de patrimônio fechou o primeiro semestre de 2022 com R$ 328,1 bilhões, um crescimento de 2,3% em relação a dezembro, abaixo da inflação no período, de 5,49%. Os dados são da Anbima, que representa o mercado de capitais e de investimentos.
A renda fixa e ativos híbridos tiveram aumento na participação das carteiras, saindo de 39,8% e 27,8% no fim de 2021 para 41% e 29,3% na fotografia atual. A fatia alocada em renda variável, por sua vez, caiu de 29,2% para 26,3% nesse mesmo intervalo.
Na renda fixa, as cotas de fundos tiveram incremento de 5,8%, a R$ 39,3 bilhões, enquanto o volume alocado em debêntures aumentou 45,4%, para R$ 18,7 bilhões, acompanhando a grande atividade das emissões de títulos privados nos primeiros meses do ano, diz Fernando Vallada, diretor da Anbima.
As letras de crédito do agronegócio (LCA) também foram destaque, com alta de 19,7%, a R$ 5,2 bilhões. Em títulos bancários, só CDB/RDB apresentaram aumento relativo, de 7,1%, para R$ 7,2 bilhões. Títulos públicos, por sua vez, tiveram decréscimo de 10%, para R$ 28,6 bilhões, e cotas de fundos de recebíveis também perderam tração, com queda de 19,4%, a R$ 12 bilhões.
São movimentos que provavelmente estão associados a uma realocação em outras subclasses, aponta Vallada.
Os multimercados tiveram incremento de 7,6% na carteira dos investidores, a R$ 83,2 bilhões desde dezembro, com queda em aplicações diretas em ações (-24,1%) e via fundos de bolsa (-5,3%). Houve aumento da alocação em fundos de participação em empresas (private equity ou venture capital), de 8,6%, para R$ 22,2 bilhões.
Olhando à frente, o executivo da Anbima, também CEO do Julius Baer Family Office no Brasil, acha que, diante da volatilidade dos mercados e de alta de juros, a renda fixa seguirá na preferência dos investidores. “Não tem muita surpresa em relação a isso, é um momento de redução de riscos”, afirma.
Na comparação com os dados do segmento de private banking no primeiro semestre, os números de gestão de patrimônio até cresceram mais. Até junho, os dados de administração de carteiras e gestão de fortunas dentro dos bancos tiveram um recuo de 1,71% em relação a dezembro, para R$ 1,75 trilhão. O recuo dos multimercados (-13,72%) e dos fundos de ações (-20,3%), provavelmente pela desvalorização dos ativos nas carteiras, pode explicar tal comportamento.
As estatísticas da Anbima não capturam o fluxo, apenas o saldo em períodos fechados. Também não trazem eventuais alocações fora do Brasil.
Fonte: Valor Econômico

