Os cotistas dos fundos de investimentos resgataram R$ 37,7 bilhões desses produtos, descontando as aplicações, no primeiro semestre de 2025. A captação decepcionou, depois dessa indústria registrar aportes de R$ 159 bilhões no mesmo período de 2024. A debandada dos fundos multimercados seguiu a todo vapor, apontam os dados disponíveis no site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A fuga dos fundos multimercados somou R$ 78,9 milhões nos primeiros seis meses deste ano, o equivalente quase à saída de R$ 81 bilhões no mesmo intervalo de 2024. Esses fundos que podem apostar em altas e baixas de diferentes investimentos no exterior e no Brasil, como ações, commodities, juros e moedas.
As retiradas dos multimercados estão acontecendo com os altos juros da renda fixa e com a aversão aos investimentos de maior risco. A Selic, a taxa de referência para os juros, está atualmente está em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Contudo, a expectativa é de início de redução ainda neste ano ou no próximo.
Boa parte dos fundos multimercados remuneraram mal os investidores em anos anteriores, mas muitos estão recuperando os rendimentos neste ano. Analistas aconselham não fazer investimentos olhando no retrovisor. A indicação é investir em multimercados pensando em prazos maiores, de três anos ou mais.
No primeiro semestre, também saíram R$ 43,6 bilhões dos fundos de ações, bem mais do que o valor de R$ 111,4 milhões sacado desses fundos no mesmo período de 2024. O Ibovespa já subiu 17% neste ano, atraindo estrangeiros que fogem dos Estados Unidos e procurando opções. Contudo, boa parte dos investidores locais não retornou para os fundos de ações ainda.
O primeiro semestre também teve saques de R$ 9,6 bilhões dos fundos de previdência e de R$ 153,2 milhões dos fundos cambiais.
Na contramão, os fundos de renda fixa capitanearam as aplicações. Os aportes alcançaram R$ 59,4 bilhões no primeiro semestre. Contudo, a entrada foi muito menor do que a de R$ 192,5 bilhões no mesmo período de 2024.
Os cotistas em geral seguem aplicando na categoria com os juros altos, especialmente nos fundos de debêntures incentivadas, isentos de Imposto de Renda. Contudo, esses fundos não estão rendendo tanto quanto no passado e alguns analistas desaconselham a investir neles neste momento.
Os gestores estão escolhendo mais a dedo os ativos, porque as companhias estão com as dívidas turbinadas pelos juros altos, o que aumenta o risco de calote para os investidores dos papéis. Para quem quiser investir, o conselho dos analistas é aumentar a seletividade na hora de escolher os fundos de renda fixa para comprar.
Também, os cotistas aplicaram R$ 20,8 bilhões nos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), R$ 9,9 bilhões nos Fundos de Investimento em Participações (FIPs), R$ 4,4 bilhões nos ETFs (fundos comprados em bolsa que acompanham um indicador de mercado) e R$ 41,4 milhões nos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) no primeiro semestre.
E em junho?
No mês de junho, os cotistas dos fundos de investimentos aplicaram R$ 13,6 bilhões, descontando os resgates. Os FIDC chefiaram os aportes, com entrada de R$ 22,4 bilhões. Nos fundos de renda fixa, as aplicações alcançaram R$ 9,5 bilhões, e nos ETFs, os aportes atingiram R$ 859,1 milhões.
Em contrapartida, os fundos multimercados seguiram liderando a debandada da indústria, com resgate de R$ 8 bilhões. Além disso, registraram retirada os fundos de previdência, de R$ 5,4 bilhões, os fundos de ações, de R$ 4,6 bilhões, os FIPs, de R$ 1 bilhão, e os fundos cambiais, de R$ 34,3 milhões.
Fonte: Valor Investe

