O Federal Reserve (Fed, banco central americano) deverá usar a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, da sigla em inglês) na quarta-feira para fortalecer o tom “hawkish” (mais inclinado ao aperto) e desestimular as expectativas do mercado de que cortes nos juros poderão ocorrer já em março. Michael Pearce, economista-chefe para os EUA da Oxford Economics, avalia que essa mensagem, contudo, poderá ter dificuldades de chegar ao mercado, considerando os novos dados mais fracos de atividade e de inflação.
Segundo ele, autoridades do Fed devem mostrar cautela com o recente afrouxamento das condições financeiras, que poderá desencadear uma aceleração da economia no próximo ano. “Eles também podem apontar para os detalhes mais fortes do ‘payroll’ de novembro, que indicam que as condições do mercado de trabalho ainda são fortes e o crescimento salarial está expressivo, justificando vigilância contínua”, afirma.
O relatório de empregos revelou a abertura de 199 mil vagas em novembro, acima dos 190 mil esperados, em nível ainda coerente com o de um mercado aquecido. A taxa de desemprego caiu para 3,7%, ante 3,9% no mês anterior.
“Embora pensemos que os riscos de curto prazo para a inflação são descendentes, continuamos confortáveis com a nossa previsão de que o Fed não irá promover cortes nas taxas no início do próximo ano”, diz. Pearce projeta o primeiro corte apenas em setembro. “E os cortes serão realizados com cautela pelo Fed, com o banco central devendo entregar apenas 0,50 ponto percentual em 2024 e não o 1,25 ponto precificado pelo mercado.”
Paul Ashworth, economista-chefe para América do Norte da Capital Economics, também acredita que o Fed pode não estar pronto para abandonar seu viés de alta. “Mas os mercados não estão mais comprando essa história de ‘juros elevados por mais tempo.”
Fonte: Valor Econômico

