Os EUA ameaçam restabelecer as sanções ao setor de energia da Venezuela se o país mantiver a proibição de um candidato da oposição de concorrer a presidente, segundo disseram ontem duas autoridades americanas. A medida poderá esfriar os esforços recentes para melhorar as relações entre os dois países.
O governo do presidente Joe Biden sinalizou que não renovará em abril uma suspensão de seis meses das sanções, caso a candidata da oposição María Corina Machado seja impedida de concorrer à Presidência. O governo americano também está considerando medidas adicionais, segundo disseram as autoridades, que pediram para não ser identificadas.
“[O governo de Nicolás Maduro] precisa tomar as decisões certas e permitir que membros da oposição concorram a cargos públicos, além de libertar os presos políticos detidos neste momento”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, nesta segunda-feira (29). “Há decisões que eles precisam tomar antes de avaliarmos que decisões vamos tomar” até abril, acrescentou.
A medida — que se segue a uma decisão tomada na sexta-feira pela Suprema Corte do país, de manter a proibição contra Machado, bem como a prisão de alguns de seus assessores — seria uma surpresa para muitos analistas após o degelo das relações, que veem a retomadas das sanções como uma resposta dura.
O governo Biden emitiu um outubro uma licença autorizando transações no setor de gás e petróleo na Venezuela como um gesto de boa vontade, depois que o governo do presidente Nicolás Maduro começou a negociar com alguns membros da oposição.
Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse em um comunicado separado, que se o presidente venezuelano e seus representantes não voltarem ao caminho certo, permitindo especificamente que todos os candidatos à Presidência concorram nas eleições deste ano, os EUA não estarão em posição de renovar essa licença em abril.
Esperar até abril para restabelecer as sanções daria tempo aos EUA para negociar com o regime de Maduro e a oposição para encontrar uma forma de permitir a participação de Machado nas eleições — ainda sem data neste ano.
Também nesta segunda-feira (29), Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e aliado de Maduro, disse que o governo aceitou um convite de mediadores noruegueses para um encontro com membros da oposição política, para dar “mais uma chance” ao acordo firmado em outubro.
Machado, engenheira industrial de 56 anos que venceu por esmagadora maioria as primárias da oposição em outubro, disse ontem que não desistirá de concorrer em favor de um substituto, apesar da decisão judicial. “Não há recuo”, disse Machado ontem em Caracas.
Apesar da incerteza, os preços do petróleo praticamente não reagiram as notícias da Venezuela.
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Funcionário manipula válvula da refinaria Amuay, pertencente à estatal de petróleo venezuelana PDVSA — Foto: Diego Giudice/Bloomberg News
Fonte: Valor Econômico
