Trabalho brasileiro abre espaço para uso da substância no País sem restrição legal causada pela presença do psicoativo THC
- O Estado de S. Paulo.
- 20 Jun 2023
- MARCIO DOLZAN
Trabalho brasileiro abre espaço para uso da substância sem restrição legal ao psicoativo THC.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificaram a presença de canabidiol (CBD) em frutas e flores de uma planta nativa do Brasil, o que abre caminho para o uso da substância no País sem restrições legais. Trata-se da Trema micrantha blume, encontrada em Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.
O canabidiol é usado para fins medicinais para tratamento de algumas doenças. O uso no Brasil, porém, é restrito. No ano passado, resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) determinou que os médicos só podem prescrever o CBD para tratar epilepsias na infância e na adolescência.
Uma das barreiras é que a fonte mais comum de canabidiol é a Cannabis sativa (nome científico da maconha), que tem também na composição o tetrahidrocanabinol (THC), uma substância psicoativa. O cultivo e a comercialização da planta no Brasil são proibidos, e a discussão sobre a produção para fins medicinais está parada no Congresso Nacional.
Na Trema micrantha blume, o THC não está presente, e por isso extrair o canabidiol não seria problema. “É planta nativa, de fácil crescimento e sem restrições legais”, diz Rodrigo Soares Moura Neto, do Instituto de Biologia da UFRJ, que coordena a pesquisa.
Ele ressalta que os estudos da UFRJ não detectaram a presença de substâncias alucinógenas. O pesquisador diz que o estudo partiu da observação de outras espécies da planta, nativas de outros países e que também apresentaram o CBD em sua composição.
O próximo passo é analisar a viabilidade de produção do canabidiol a partir da Trema micrantha Blume. “É preciso fazer estudos de composição química e estrutural, além de estudos in vitro, para avaliar seu potencial”, explica Rodrigo Neto. “Precisamos avaliar o melhor método de extração e a qualidade do óleo.” •
Fonte: O Estado de S. Paulo.