Neste ano, a Institutional Investor está homenageando 10 Estrelas em Ascensão da indústria de hedge funds. Os talentosos profissionais deste grupo de elite são reconhecidos por suas contribuições excepcionais e origens diversas. Escolhemos pessoas desde os menores fundos iniciantes até aquelas que atuam nas maiores e mais icônicas empresas do setor.
A seguir, destacamos cinco dessas estrelas em ascensão.
Dois deles, Kate Baumann da Empyrean Capital Partners e Farid Guindo da Drill Capital Management, nasceram na África. Baumann transformou a base de capital da Empyrean, e Guindo foca em investimentos em infraestrutura do setor de energia, fundamental para os cidadãos de sua terra natal. Outro destaque, Clark Tang da Altimeter Capital Management, é natural da cidade de Nova York e investidor em tecnologia que viu o potencial da Nvidia muito antes da maioria. Hussein Sacoor lançou seu próprio hedge fund em Lisboa, Portugal — sua cidade natal — antes de se mudar para Nova York para integrar a Tekne Capital Management, que investe no Sul Global. Outro nova-iorquino, Malachi Price da Coatue, começou na consultoria e hoje atua com os investimentos privados da Coatue.
Fique atento aos perfis de nossas outras cinco estrelas, que serão divulgados em breve. Dois vêm de algumas das maiores e mais bem-sucedidas empresas, enquanto os outros três lançaram seus próprios fundos menores. As Estrelas em Ascensão serão homenageadas no Allocators’ Choice Awards, em 18 de setembro, no Mandarin Oriental, em Nova York. Você pode se inscrever aqui. Na semana passada, a II nomeou os finalistas de 2025 para CIO do Ano de Fundos Patrimoniais/Fundações, CIO do Ano de Sistemas de Saúde, CIO do Ano de Fundos de Pensão Públicos e o Prêmio de Liderança e Visão.
Clark Tang, Altimeter Capital Management
Clark Tang tinha apenas três anos quando descobriu a senha e acessou o computador do pai. Aos sete, já usava a internet o tempo todo — e jogava videogames que lhe deram o gosto pelo mercado financeiro. Isso o levou ao mundo dos hedge funds e, eventualmente, à Altimeter Capital, uma empresa de investimentos com foco em tecnologia, onde fez um investimento revolucionário na Nvidia no fim de 2022.
No ano passado, tornou-se a pessoa mais jovem a ser nomeada sócia da Altimeter, que investe em empresas públicas e privadas e administra US$ 10 bilhões em ativos. Tang, que completa 30 anos ainda este ano, foca em inteligência artificial (IA) e supervisiona investimentos em software e semicondutores.
Filho de imigrantes chineses, nasceu em Nova York, onde seu pai era editor do maior jornal chinês dos EUA. Tang era um nerd de matemática e ciências que estudou na prestigiada Bronx School of Science. Um “curioso nato”, como se descreve, originalmente pensava em ser engenheiro. Mas suas experiências iniciais com jogos o levaram à economia, e ele decidiu focar em negócios. “Senti que já entendia todos os conceitos de forma intuitiva”, relembra.
Um ano de estudos em Xangai, enquanto cursava a Stern School of Business da NYU, foi decisivo. “Me chamou a atenção o discurso de que as empresas chinesas eram apenas cópias das americanas, especialmente no setor de tecnologia”, diz Tang. Mas descobriu que “muitos dos produtos e inovações na China estavam, na verdade, mais avançados que os dos EUA”.
Esse ano — 2014 — também foi quando a Alibaba abriu capital. A combinação de investimentos públicos e privados chamou a atenção de Tang. “Foi quando percebi qual seria minha estrela guia: investir globalmente em tecnologia no crossover entre público e privado — e é exatamente onde estou hoje”, afirma.
Após a faculdade, mudou-se de Nova York para São Francisco para trabalhar no Goldman Sachs e se imergir na cultura do Vale do Silício. Em 2018, com o IPO bem-sucedido da Uber, o foco passou para os unicórnios e bilhões começaram a fluir para capital de risco e investimentos de crescimento. No ano seguinte, Tang foi para a Valor Equity Partners e, em 2021, ingressou na Altimeter.
“Desde criança, meu ethos era entender como o mundo funciona”, diz. “Se você realmente tem um ponto de vista diferente… é aí que se ganha dinheiro de verdade.”
Na Altimeter, essa visão contrária levou à sua grande aposta de que “a IA seria enorme” e sua antecipação da Nvidia. Ele apresentou a ideia em setembro de 2022, e a Altimeter comprou as ações em outubro — pouco antes da disparada. (Desde o início de 2023, as ações subiram mais de 900%.)
Tang teve o insight ao ouvir um investidor inicial da OpenAI comentar sobre uma “coisa nova” chamada GPT-3, dizendo: “Às vezes ele escreve e-mails pra mim. Metade sai meio ruim, mas tem algo mágico nisso.”
Na época, Tang não sabia muito sobre IA. “Mas aquilo ficou na minha mente. Comecei a me aprofundar e logo percebi que a demanda pelos chips da Nvidia ia explodir.”
Kate Fisher Baumann, Empyrean Capital Partners
Kate Baumann tem acompanhado investidores de perto desde que chegou a Wall Street. Formada pela Universidade de Georgetown, entrou no banco privado do J.P. Morgan em 2007, justamente quando a crise financeira estourava. Três anos depois, foi para a Eton Park Capital. Em 2017, o fundador Eric Mindich decidiu encerrar o fundo — que ainda tinha US$ 7 bilhões em ativos.
Agora, em meio à instabilidade causada pelas políticas do presidente Donald Trump, Baumann novamente acalma os investidores como sócia da Empyrean Capital, um hedge fund multiestratégia com US$ 3 bilhões sob gestão, onde lidera o desenvolvimento de negócios e relações com investidores.
“Você nunca sabe de onde virá o próximo raio”, diz. “As pessoas que vencem nesse setor são aquelas que mantêm a calma nos momentos difíceis e sabem como tirar proveito disso.”
Hoje, ela afirma que “há muito suporte emocional” aos investidores, mas “não é tanto sobre ‘o que é isso ou aquilo’, e sim entender o que as pessoas estão sentindo”.
Na Empyrean, Baumann conseguiu transformar a base de investidores, antes dominada por fundos de fundos — os primeiros a resgatar recursos em tempos de crise. Em seus oito anos lá, reformulou os investidores por tipo e região, tornando a base quase inteiramente institucional.
“Você precisa diversificar sua base de capital e gerenciar o risco como faria com sua carteira. Todo mundo diz que é investidor de longo prazo; posso garantir que não são”, afirma.
Captar recursos institucionais para hedge funds tem sido notoriamente difícil nos últimos anos, pois muitos migraram para o private equity. Mas essa dependência do private equity agora causa problemas. Universidades atacadas pela administração Trump — especialmente Harvard e Yale — estão tentando vender suas participações para obter liquidez, ameaçadas de perder o financiamento federal do qual sempre dependeram.
“Eu não gostaria que toda minha base fosse de endowments ou fundações agora, porque isso pode mudar muito rápido”, afirma.
Enfrentar crises parece ser natural para Baumann, cidadã americana nascida na África do Sul, que viveu em quatro continentes até os oito anos por conta do trabalho do pai como executivo da Union Carbide/Energizer. “Sei o que é ter o mundo virado de cabeça pra baixo”, diz.
Viver fora lhe deu a capacidade de se relacionar com “muita gente diferente”, afirma. Sua natureza extrovertida também a levou a cofundar o grupo Women of Georgetown, e ela faz questão de elogiar várias mulheres com quem trabalhou, como Mary Erdoes (CEO da divisão de gestão de ativos do J.P. Morgan) e Marcy Engel (ex-COO da Eton Park).
Refletindo sobre a crise financeira e o fechamento da Eton Park, ela diz: “Você aprende mais nos tempos difíceis do que nos fáceis. Sinto falta daqueles dias em que todo mundo levantava dinheiro fácil. Sabe de uma coisa? Não trocaria por nada, porque acho que aprendi muito mais.”
Hussein Sacoor, Tekne Capital Management
A piada no escritório da Tekne Capital em Nova York é que Hussein Sacoor vive dentro de um avião. “Não sei se levo isso como elogio ou crítica”, diz ele.
“Vou à China cinco ou seis vezes por ano”, conta durante uma chamada de Zoom, enquanto visita sua família em Portugal, onde nasceu e foi criado. “Daqui a 48 horas vou para Londres. Depois, Coreia do Sul, China, Hong Kong, Índia, Oriente Médio e então de volta.” Nos próximos seis meses, ele espera visitar 50 empresas e se reunir com os principais CEOs de tecnologia dos mercados emergentes.
Se há um tema central na Tekne, segundo ele, é que o Sul Global é o futuro. “As taxas de crescimento no restante do mundo serão superiores às dos EUA”, afirma. “A equação de retorno está apenas começando.”
Esse tema tende a se provar correto se as tarifas de Trump prejudicarem os EUA mais do que outros países. “O benefício que estamos recebendo com essa mudança de política tarifária é que o valor começa a ser reconhecido fora dos EUA”, observa Sacoor.
Sobre a China: “O impacto das tarifas na China é superestimado”, explica, dizendo que as exportações chinesas para os EUA representam menos de 3% do PIB.
A Tekne também está em grande parte isolada das guerras tarifárias. Ela detém apenas algumas empresas chinesas, todas voltadas para o mercado interno. A Tekne investiu em 10 a 12 empresas de tecnologia em um universo de US$ 10 trilhões, e essas empresas são “praticamente 100% voltadas para dentro, resolvendo problemas e atendendo seus próprios mercados”, explica Sacoor.
Sacoor entrou na Tekne em 2022, após encerrar um hedge fund que fundara com um amigo da faculdade. Depois de se formar em Portugal com um mestrado duplo em gestão, mudou-se para São Paulo em 2015 para trabalhar no BTG Pactual. O amigo havia ido para a Blackstone. Em 2016, Sacoor voltou a Portugal e os dois jovens criaram um fundo focado em tecnologia em Lisboa com US$ 455 mil.
Eles cresceram o fundo até dezenas de milhões de dólares antes de encerrá-lo. Sacoor, que diz ter “um desejo profundo de competir no mercado americano”, juntou-se à Tekne em Nova York.
Nova York está bem longe de Lisboa, que Sacoor admite “não ser exatamente um centro de talentos para o setor de gestão de investimentos”. Seus pais, imigrantes de Moçambique (ex-colônia portuguesa), eram farmacêuticos e esperavam que ele seguisse o negócio da família. Esse setor, segundo ele, é previsível e estruturalmente oligopolista em Portugal, mas também altamente regulado. “É um negócio de teto muito baixo.”
O mesmo não se pode dizer dos hedge funds.
A Tekne, com US$ 1,2 bilhão em ativos, foi fundada em 2012 por Beeneet Kothari, ex-gestor de portfólio da Duquesne Capital de Stan Druckenmiller, que começou a investir na China há 20 anos. No ano passado, a Tekne triplicou seus investimentos na China e o fundo teve retorno de 22%. Neste ano, os mercados chineses continuaram em alta — subiram 18% no primeiro trimestre, enquanto os EUA caíram 5%.
Malachi Price, Coatue Management
Quando Malachi Price entrou para a Coatue como sócio geral, em fevereiro de 2022, o mundo da tecnologia — foco dele e da empresa — enfrentava um período de incertezas que ainda persiste.
Price não se arrepende. “Definitivamente foi um momento turbulento, mas não consigo imaginar ambiente de aprendizado melhor para crescer.”
Com 28 anos na época, Price veio para a Coatue vindo da New Mountain Capital (private equity), após uma passagem como consultor no Boston Consulting Group. Nunca havia atuado com hedge funds antes. Foi revelador.
“Você vê as reações imediatas às condições macroeconômicas”, diz Price, explicando que as áreas pública e privada da Coatue trabalham juntas. (A empresa opera tanto em private equity quanto hedge funds.) “Você vê como a equipe reage, como o gerenciamento de risco entra em ação, quais tendências sobrevivem a uma crise macroeconômica e o que é realmente penalizado. Isso foi muito educativo pra mim.”
Price atua na Coatue Tactical Solutions, que faz jus ao nome. “Foco na estratégia dentro da área de investimentos privados que nos dá algum nível de proteção contra perdas, mantendo a valorização em ações das empresas nas quais investimos.”
A Coatue, com US$ 55 bilhões em ativos sob gestão, alocou com sucesso US$ 3 bilhões em capital estruturado e soluções de capital nos últimos dois anos. Price originou e supervisionou muitos desses negócios.
“Você basicamente atua como parceiro estratégico e de soluções financeiras para uma empresa”, explica. O mercado de ações é volátil, e “os mercados de dívida variam quanto à disponibilidade e custo do capital”. Assim, a Coatue colabora com os clientes para projetar algo que atenda suas necessidades “e que nos dê o tipo de investimento que buscamos”.
Filho de um banqueiro de investimentos, Price cresceu em Manhattan e estudou nas escolas privadas Buckley e Phillips Academy–Andover antes de ir para o Dartmouth College. Apesar do histórico da família, diz que o pai não o pressionou a seguir carreira em finanças. Em Dartmouth, formou-se em estudos russos e economia.
Na verdade, segundo Price, o pai o aconselhou a não ir para o mercado financeiro. “Ele trabalhou nisso a vida inteira e queria que eu visse mais do mundo e decidisse por mim mesmo”, lembra.
Após a faculdade, Price foi para o Boston Consulting Group, onde teve a oportunidade de fazer due diligence com empresas como Blackstone, Carlyle e KKR. Mas queria estar mais próximo do lado financeiro do private equity, e em 2019 juntou-se à New Mountain, onde focou em tecnologia aplicada à saúde e finanças.
“Tecnologia é basicamente aquilo que está ganhando em um determinado setor”, diz Price.
Farid Guindo, Drill Capital Management
De certa forma, as guerras civis na África prepararam o fundador da Drill Capital, Farid Guindo, para o mundo turbulento das finanças — e deram a motivação para sua carreira no setor de energia.
Filho de um funcionário de missões de paz da ONU, Guindo passou a infância em seis países africanos. Nasceu em 1987 na República Centro-Africana, onde seu pai — natural do Mali e formado em Paris — teve sua primeira missão da ONU. Depois, a família passou por Chade, Mali, Namíbia, Costa do Marfim e Madagascar, à medida que guerras civis surgiam após a independência de ex-colônias.
As evacuações eram feitas às pressas, quando os países estavam prestes a entrar em colapso. “Eu vivia sob alta pressão e ansiedade”, lembra Guindo.
A próxima missão da ONU foi no Haiti. Após nova evacuação, Guindo foi para uma escola preparatória na Flórida e depois para a Universidade McGill, em Montreal. Atualmente, divide seu tempo entre o Canadá, onde sua família está, e Nova York, onde fica a sede da Drill.
Na McGill, estudou economia e finanças. Após se formar em 2008, começou na Lehman Brothers, no setor de energia em Calgary — que foi assumido pelo Barclays após a falência do Lehman. O foco em energia o levou a vários hedge funds. Em 2011, foi para a Ospraie Management (agora Sourcerock), um spin-off da Point72; e depois para a texana Brenham Capital. Em 2019, fundou com Dan Dreyfus (amigo da McGill que estava no Goldman Sachs) a Bornite Capital Management, fundo global long-short que teve retorno de 100% líquido em cinco anos.
“Pude ver a construção e o sucesso de um negócio. Vi as conversas com algumas das maiores instituições e fundos de pensão do mundo desde os estágios iniciais”, diz.
No ano passado, disse a Dreyfus que queria fundar seu próprio fundo, e o parceiro aceitou apoiá-lo. A Drill Capital foi oficialmente lançada em janeiro com menos de US$ 2 milhões.
O mercado de energia não é para todos, admite Guindo. “Este é um dos mercados mais difíceis que já vi. E foi justamente por isso que fiquei tão empolgado para lançar a Drill. Sabia que teria praticamente zero concorrência.”
Ele acredita que haverá abundância de energia em breve, especialmente se as sanções ao petróleo e gás russos forem suspensas, o que levaria a preços mais baixos do que os atualmente previstos.
O que a Drill faz? “Num mundo com energia abundante e preços baixos de petróleo e gás, quem ganha?”, questiona. A Drill aposta em infraestrutura. “Pense nas veias e artérias, nas pontes e túneis que transportam essas moléculas. São extremamente difíceis de replicar.”
Guindo defende a indústria energética em um momento em que muitos a demonizam por seu impacto nas mudanças climáticas. “Sei o que é não ter eletricidade”, diz. “Sei como é para crianças irem à escola e não conseguirem sequer acender a luz. Precisamos explorar esse recurso básico porque ele transforma vidas.”
Fonte: Institutional Investor
Traduzido via ChatGPT