Empresa do grupo NC cresce em medicamentos isentos de prescrição
Por Stella Fontes — De São Paulo
03/05/2023 05h01 Atualizado há 2 horas
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/Q/p/0lD3EOQOuBo0UA988pcA/foto03emp-101-ems-b4.jpg)
Cinthia Ribeiro, diretora: “O grupo se consolidou em genéricos, em prescrição, depois no hospitalar. Agora, quer trabalhar as marcas do ponto de vista do consumidor” — Foto: Divulgação
Maior farmacêutica brasileira, a EMS acertou a compra do Dermacyd, marca global de sabonetes íntimos da francesa Sanofi, por cerca de € 66 milhões (R$ 366 milhões ao câmbio atual). Com a aquisição, a empresa do grupo NC, mais conhecida pelo pioneirismo e liderança em genéricos, avança em sua estratégia de ganhar musculatura em medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês) e de internacionalização dos negócios.
A transação, que ainda depende do aval de autoridades antitruste em diferentes países, compreende propriedade intelectual, comercialização e fabricação de um portfólio de 17 produtos da linha na América Latina. Líder no Brasil com 28% de participação em valor de vendas, o Dermacyd também tem presença relevante no México, no Peru e na Argentina, onde é vendido sob a marca Lactacyd.
“O grupo se consolidou em genéricos, em prescrição, depois no segmento hospitalar e foi comprando marcas fortes. Agora, quer trabalhar essas marcas do ponto de vista do consumidor”, disse ao Valor Cinthia Ribeiro, que chegou à EMS há três meses com a missão de reposicionar a área de OTC e traçar estratégias de crescimento para as marcas da farmacêutica.
Com quase 20 anos de experiência no setor, entre laboratórios brasileiros e multinacionais, como a própria Sanofi, Aché, Pfizer e Genomma Lab, a executiva assumiu a diretoria Comercial e de Marketing da unidade de negócios de Marcas, que também compreende a área de OTC.
Ainda pequena em relação a outros negócios da EMS, sobretudo genéricos e prescrição, a unidade de OTC compreende marcas locais bastante conhecidas, como MultiGrip (antigripal), Caladryl (creme pós-sol) e Lacday (para intolerância à lactose) e, agora, uma marca global. Algumas serão relançadas ou passarão por um “lifting” nos próximos meses, como Energil (vitamina C), com vistas a acelerar o crescimento das vendas.
“Hoje, essa é a menor unidade de negócios da companhia, com cerca de 10% a 12% do faturamento. Mas pode estar entre as maiores”, afirmou a executiva. Para 2023, a meta para a área de OTC é alcançar vendas (pelo critério PPP, que considera os descontos concedidos) de R$ 300 milhões, com expansão de 25% frente a 2022. Crescimento orgânico e potenciais novas aquisições vão contribuir para a evolução nos próximos anos, indicou a executiva. “Também vamos avaliar fusões e aquisições. Temos um radar ativo, mas vamos crescer das duas formas”, disse.
O negócio de prescrição já se tornou o mais relevante da EMS, com participação de 37%. Em seguida vieram os genéricos, com 35%. Marcas, OTC e institucional (“non-retail”) responderam por 28%. No ano passado, o conglomerado faturou R$ 20,9 bilhões.
Para Dermacyd, que abre um novo segmento de mercado para a EMS, a estratégia é levar mais informação às consumidoras, impulsionando a demanda como um todo, e ampliar a linha, com o lançamento de dois a três produtos por ano. “Hoje, há limitação de uso do produto. É preciso fazer um trabalho conjunto com médico e consumidor”, comentou.
No país, esse mercado está estimado em R$ 175 milhões e o Dermacyd movimentou cerca de R$ 50 milhões no ano passado. Na América Latina, o volume de vendas chegou a 10,3 milhões de unidades, com faturamento de € 17,1 milhões. Brasil e México, onde há produção local do sabonete íntimo, são os principais mercados atualmente.
Até que a transação seja aprovada pelos órgãos reguladores, incluindo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o Dermacyd seguirá sendo comercializado e produzido pela Sanofi nas fábricas de Suzano (SP) e no México. Com o aval, a EMS assumirá a distribuição na região. A transferência de produção, para uma de suas quatro fábricas no Brasil e para sua unidade fabril no México, deve ocorrer entre 2025 e 2026.
A EMS fez em 2018 uma primeira aquisição no mercado de OTC, do MultiGrip, hoje a maior marca do portfólio. Em paralelo, pisava no acelerador para internacionalizar suas operações, com a aquisição da farmacêutica sérvia Galenika, com investimento total de € 46,5 milhões. Em dezembro, o grupo NC concluiu mais uma aquisição, de três farmacêuticas no México.
Os ativos colocados à venda pela Sanofi na região, como parte da reorganização de seus negócios, têm atraído diferentes interessados. No ano passado, a Hypera Pharma consumou a compra de dez marcas de medicamentos isentos de prescrição e de prescrição, incluindo o analgésico AAS, no Brasil, no México e na Colômbia. Ontem, a Eurofarma concluiu a compra de ativos e licenças da farmacêutica francesa no Brasil, Colômbia, México, Argentina e Uruguai.
Fonte: Valor Econômico