A firmas de private equity passaram, cada vez mais, a levantar dinheiro caso a caso para comprar empresas isoladamente, uma vez que enfrentam dificuldades com a desaceleração do mercado e a procura pelos investidores por formas para pagar taxas de administração menores.
Em 2023, um recorde de US$ 31 bilhões foi investido “negócio a negócio”, de acordo com dados da firma de consultoria em private equity Triago, o que as ajudou a enfrentar uma queda generalizada do setor na captação de recursos e na atividade de fusões e aquisições.
É mais do que o quíntuplo do valor levantado e investido em 2019. Mais de 700 empresas foram adquiridas por firmas de private equity nesse tipo de negócio em 2023, mais que o dobro do total de cinco anos atrás.
Entre aqueles que oferecem ou estudam esses tipos de negócio estão alguns dos maiores nomes do mundo das finanças, como o fundo hedge Elliott, a Hamilton Lane, uma gigante dos investimentos nos Estados Unidos, além de outras empresas, como a firma de crédito europeia Hayfin, segundo fontes a par dos detalhes.
“Dificilmente há uma conversa em que os investidores não estejam procurando – ou abertos a – fazer investimentos desse tipo, negócio a negócio,” disse William Clegg, sócio da firma de consultoria em private equity Colmar Capital. “Estão todos, desde seguradoras, [até] sofisticados escritórios de gestão de patrimônio familiar e até mesmo fundos soberanos.”
Tradicionalmente, as firmas de private equity levantam recursos de investidores em uma estrutura que prende o capital por mais de dez anos. Além disso, em vez de o dinheiro ser destinado a uma empresa isoladamente, é usado para montar uma carteira de investimentos em várias. As firmas cobram taxas de administração entre 1,5% e 2% e recebem 20% dos lucros quando os investimentos nessas empresas do portfólio são vendidos. A estrutura permite que os executivos de private equity possam ganhar um bom dinheiro com as taxas, mesmo que não tenham investido o dinheiro de seus clientes.
No entanto, após dez anos de alto crescimento do setor, as firmas de private equity passaram a encontrar dificuldades para vender os investimentos das carteiras e para convencer os investidores a deixar seus recursos presos por longos períodos, durante os quais pagam essas altas taxas de administração. Em 2023, incluindo os investimentos em capital de risco, o setor levantou US$ 803 bilhões, a menor quantia desde 2017.
Os especialistas em fusões e aquisições também têm encontrado dificuldades para encontrar novos negócios atrativos em um ambiente de taxas de juros mais altas, o que os deixa com US$ 4 trilhões em “pólvora seca” para usar, como se costuma chamar o dinheiro dos clientes que não foi investido.
Fonte: Valor Econômico

