Laboratório entrou com pedido de registro definitivo na Anvisa para o imunizante contra covid-19; primeiras doses podem chegar no país em três a seis meses
Por Stella Fontes — De São Paulo
01/02/2023 05h01 Atualizado há 25 minutos
A Zodiac, subsidiária brasileira do grupo Adium, sétimo no ranking dos maiores da indústria farmacêutica na América Latina, vai estrear no mercado local de vacinas pela porta da frente. Há cerca de dez dias, o laboratório submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de registro definitivo da vacina bivalente contra a covid-19 da Moderna e, se tudo correr bem, as primeiras doses podem começar a chegar ao país em três a seis meses.
Por meio de um acordo firmado no ano passado pelo grupo, e que cobre toda a América Latina, a Zodiac vai distribuir e comercializar no Brasil a vacina da biotech americana que protege contra as subvariantes Ômicron BA.4 e BA.5, além da cepa original do novo coronavírus. Outras subsidiárias do Adium ficaram responsáveis pela distribuição nos demais países da região.
De acordo com o CEO da Zodiac, Alexandre Seraphim, o acordo em covid-19 representa o ponto de partida para novas parcerias com a Moderna, pioneira em terapias e imunizantes com a inovadora tecnologia de RNA mensageiro (mRNA). Essa relação, explicou, pode resultar em novos lançamentos no mercado brasileiro mais à frente.
A Zodiac também tem conversas em curso com outras biotechs, que podem se converter em acordos de distribuição e comercialização ou licenciamento no futuro. “Há negociações em curso, mas os ciclos são longos. Os resultados virão em três, cinco anos”, explicou.
Segundo o executivo, a entrada no mercado local de imunizantes – que, considerando-se apenas a covid-19, está estimado em R$ 4 bilhões este ano – está em linha com a ambição do grupo de dar acesso à população latino-americana a tratamentos inovadores e vai acelerar o crescimento da Zodiac.
O plano, de acordo como diretor da unidade de vacinas da farmacêutica, Thiago Barbosa, é ampliar a parceria com a Moderna justamente nesta área. “Eles desenvolveram uma vacina contra o Citomegalovírus (CVMV) que é altamente inovadora”, comentou.
Com 32 moléculas disponíveis no país e fábrica em Pindamonhangaba (SP), a Zodiac teve vendas de R$ 781 milhões (PPP, já considerando os descontos concedidos) no ano passado, uma alta de 31%. A previsão é manter esse ritmo em 2023, ainda sem considerar as vendas da vacina contra a covid-19 e a nova unidade de negócios.
Hoje, oncologia e medicina geral, em particular tratamento de dor e urologia, são carros-chefe da farmacêutica, que tem em portfólio marcas que aparecem entre as mais vendidas em seus segmentos, como Condroflex (para tratamento de artrose e osteoartrite), Prebictal (tratamento de dor) e Pyridium (infecções urinárias). Num futuro próximo, a área de vacinas também será relevante.
Conforme o pedido à Anvisa, a vacina bivalente da Moderna deverá ser administrada em indivíduos a partir dos 6 anos de idade. Mais à frente, o plano da Zodiac é buscar aprovação para a imunizar crianças a partir de seis meses de vida, em linha com a autorização concedida por Estados Unidos e Europa.
“Queremos ter a vacina disponível no país durante o pico da vacinação contra a gripe, que começa entre abril e maio, mas entendemos que os prazos são da Anvisa. O Brasil é visto como prioritário pela Moderna”, disse Seraphim.
Uma das vantagens do imunizante da Moderna, conforme o executivo, é requerer armazenamento em temperaturas entre -15 e -25 graus Celsius, adequado à estrutura existente nos mais de 2 mil postos de vacinação brasileiros.
De acordo com a diretora médica da farmacêutica para América Latina, Glaucia Vespa, a Moderna já iniciou o processo de adequação para oferta da vacina no mercado brasileiro. “Estamos atentos à queda na cobertura vacinal no país e seremos mais um aliado, para reverter essa situação, a partir do acordo com a Moderna”, disse.
A americana Pfizer recebeu em novembro a aprovação da Anvisa para uso emergencial de duas versões bivalentes contra a covid-19, como dose de reforço para a população acima de 12 anos.
Ontem, também protocolou um pedido de registro definitivo do imunizante, que começa a ser aplicado em 27 de fevereiro em pessoas com 70 anos ou mais e outros grupos mais expostos ao risco da doença. Pelo grupo prioritário definido pelo governo, estima-se que serão necessárias cerca de 80 milhões de doses nessa fase.
De capital fechado, o grupo Adium foi fundado na Argentina e colocou em Montevidéu, no Uruguai, seu escritório central. O grupo não revela dados financeiros.
Fonte: Valor Econômico