3 Feb 2023 MATHEUS PIOVESANA
O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial (que exclui o ágio de aquisições) de R$ 1,689 bilhão no quarto trimestre de 2022, queda de 56,5% ante o mesmo período de 2021 e de 45,9% em relação ao trimestre anterior. O banco mais do que dobrou as provisões contra a inadimplência na comparação com o mesmo intervalo de 2021, o que incluiu os efeitos da crise na Americanas.
“Temos uma deterioração entre os clientes pessoas físicas, mas a vemos como parte do mesmo ciclo que nos levou a um forte crescimento nos últimos sete anos”, disse o presidente do banco, Mario Leão, em teleconferência com analistas. “Obviamente, preferiríamos mais resultado, mas os números de 2022 foram de certa forma desenhados e esperados.”
Ele afirmou que voltaria a dizer o que apregoou durante 2022: o banco pisou no freio de forma preventiva e vai voltar a crescer quando sentir que há espaço. Até lá, dará prioridade a linhas de crédito de menor risco, como o agro e o consignado, buscando a fórmula que tem garantido bons resultados a pares como o Banco do Brasil.
No balanço do último trimestre, o Santander fala que o volume de provisões contra a inadimplência foi puxado em especial por um “evento subsequente”, ou seja, ocorrido após 31 de dezembro de 2022, no segmento de atacado. A instituição não dá mais detalhes nem informa o nome do cliente.
Em janeiro, a rede varejista Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, com dívidas de aproximadamente R$ 47 bilhões. O Santander é um dos maiores credores da companhia, com cerca de R$ 3,6 bilhões a receber, de acordo com estimativa preliminar.
“Estimamos que o banco provisionou 30% da Americanas, cerca de R$ 1,1 bilhão em provisões, com impacto de R$ 600 milhões no lucro”, afirmou Rafael Frade, do Citi, em relatório enviado a clientes.
Leão disse que ainda é difícil prever quanto dos créditos desse cliente – que ele também não identificou – será provisionado. Entretanto, descartou um contágio na carteira de atacado, mesmo considerando outros casos como o da Oi, que deve voltar à recuperação judicial. “Nomes mais conhecidos foram sendo provisionados pelos bancos, por diligência, ao longo dos anos”, afirmou, sem citar a tele.
ACUMULADO NO ANO. No acumulado de 2022, o Santander teve lucro de R$ 12,900 bilhões no Brasil, baixa de 21,1% na comparação com 2021. O ano foi marcado pelo aumento das provisões em 72,7%, diante da maior inadimplência de pessoas físicas. Além disso, as margens do Santander foram pressionadas por perdas da tesouraria, diante do impacto da alta dos juros.
“Iniciamos um processo de ajuste operacional no quarto trimestre de 2021. Buscamos nos posicionar adequadamente para enfrentar um ambiente macroeconômico que se provava mais desafiador, com potenciais repercussões nas dinâmicas de crédito”, afirma no comunicado o diretor financeiro do Santander Brasil, Angel Santodomingo. Ele aponta ainda que o banco começa 2023 com um balanço sólido e uma carteira de crédito de maior qualidade. “Continuaremos a crescer de forma sustentável”, diz. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

