Pesquisa foi feita apenas para crianças que tiveram mais de uma consulta com o mesmo médico nos 12 meses anteriores à pesquisa nas unidades básicas de saúde ou unidades de saúde da família
Por Lucianne Carneiro, Valor — Rio
21/12/2022 10h06 Atualizado há 54 minutos
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Tomaz Silva/Agência Brasil
O Brasil não atingiu um nível mínimo de qualidade em um novo indicador geral de atenção primária à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças menores de 13 anos, mostra o estudo “Atenção primária à saúde 2022”, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados vieram de um módulo especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada no segundo trimestre de 2022.
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O indicador, conhecido pela sigla em inglês PCATool (em inglês Primary Care Assessment Tool (PCATool), funciona como um termômetro da atenção primária à saúde. Para isso, leva em consideração uma série de atributos que medem o maior ou menor acesso aos cuidados primários de saúde. São consideradas questões como se, ao ser atendida, o prontuário médico da criança está sempre disponível ou se é sempre o mesmo médico que faz o atendimento.
A pesquisa foi feita apenas para crianças que tiveram mais de uma consulta com o mesmo médico nos 12 meses anteriores à pesquisa nas unidades básicas de saúde ou unidades de saúde da família.
A partir das respostas dos responsáveis das crianças a esses atributos – que pode ser “com certeza não”, “provavelmente não”, “provavelmente sim” ou “com certeza sim” – é calculado o indicador, que varia entre 0 e 10. Resultados entre 0 e 6,5 indicam baixa presença desses atributos, enquanto em 6,6 ou mais sugerem a alta presença desses atributos.
Esse corte de 6,6 é considerado, segundo o estudo, como “o padrão-mínimo de qualidade para avaliação do grau de extensão e desenvolvimento dos serviços de atenção primária à saúde no SUS”. A avaliação do Brasil ficou em 5,7, abaixo do nível considerado como adequado.
“O PCATool é um instrumento de validação da atenção primária à saúde, que vai avaliar se o atendimento está adequado ou não adequado, de acordo com os preceitos da atenção primária. O score de 5,7 do Brasil indica que o serviço ainda carece de aprimoramento para o alcance da qualidade preconizada pela atenção primária à saúde”, afirma a gerente de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, responsável pelo estudo.
Os resultados mostram que não só a média brasileira não alcançou esse nível mínimo de qualidade, como isso não ocorreu para nenhuma das cinco grandes regiões nem para nenhuma das 27 unidades da federação.
Os pesquisadores do IBGE apontaram que, embora a distribuição de pessoas que utilizaram o serviço de saúde seja bastante desigual regionalmente, a percepção geral desses usuários foi similar entre as grandes Regiões: Sul obteve o maior escore geral (6,0) e Norte, o menor (5,4). As demais regiões apresentaram escores gerais muito próximos: Nordeste e Centro-Oeste (5,7) e Sudeste (5,6).
Na análise por unidades da federação, Paraná (6,0), Santa Catarina (6,1), Rio Grande do Sul (6,0), Mato Grosso (6,4) e Distrito Federal (6,1) atingiram valor acima de 6, embora ainda abaixo do corte de padrão mínimo de qualidade. Por outro lado, os piores resultados encontrados foram em Rondônia (4,8), Amazonas (4,9), Amapá (5,3), Goiás (5,2) e Maranhão (5,3).
Fonte: Valor Econômico