Medicamento será fornecido por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde
02/08/2022 05h01 Atualizado há 5 horas
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Queiroga: após confirmação da primeira morte no país pela doença, anúncio de medicamento para casos mais graves — Foto: Walterson Rosa/Ministério da Saúde
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou ontem que o Brasil receberá o antiviral tecovirimat contra a varíola dos macacos, também chamada de monkeypox. O medicamento será fornecido por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas.
“Serão contemplados casos mais graves em um primeiro momento”, escreveu Queiroga em suas redes sociais. Até o momento, o Brasil não dispõe de vacinas ou de medicamentos contra a doença. O ministério anunciou a compra de 50 mil doses, com a primeira remessa prevista para setembro.
Em entrevista coletiva, Queiroga foi questionado sobre quando o medicamento chegaria ao país e em qual quantidade, mas desconversou: “Quando tivermos os quantitativos e as datas, nós vamos anunciar para vocês”, disse.
O ministro evitou responder perguntas de jornalistas sobre a varíola dos macacos, inclusive as relacionadas ao aleitamento materno – tema da entrevista à imprensa. “As mães brasileiras não estão muito preocupadas com monkeypox, estão preocupadas em alimentar os filhos”, disse Queiroga.
Na sexta-feira, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte pela doença no país, registrada em Minas Gerais. Trata-se também do primeiro óbito do surto mundial fora do continente africano, onde a doença é endêmica.
O paciente tinha 41 anos, comorbidades e apresentava quadro de imunossupressão por estar passando por uma quimioterapia para tratar um câncer no sistema linfático, um linfoma. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público da capital mineira e morreu devido a um choque séptico, quando a infecção se alastra pelo corpo.
Integrantes do ministério já haviam dito que, a partir do óbito, a posição do próprio mistério deveria ser a de intensificar as ações de vigilância contra a varíola dos macacos. O Centro de Operações de Emergências (COE) do Ministério da Saúde para o enfrentamento da varíola dos macacos foi aberto na sexta-feira.
Uma nota técnica elaborada pelo ministério recomenda que grávidas, puérperas e lactantes mantenham o uso de máscaras devido ao surto de varíola dos macacos, se afastem de pessoas com sintomas da doença e usem preservativo em todas as relações sexuais.
O documento ressalta “o rápido aumento do número de casos” no Brasil e no mundo, associado “à transmissão por contato direto e, eventualmente, por via aérea”.
“As gestantes apresentam quadro clínico com características semelhantes às não gestantes, mas podem apresentar gravidade maior, sendo consideradas grupo de risco para evolução desfavorável”, diz a nota técnica.
O ministério aponta que as gestantes estão no grupo de risco para varíola dos macacos, assim como imunossuprimidos e crianças menores de oito anos. Segundo o documento, os laboratórios devem priorizar o diagnóstico das grávidas, “visto que complicações oculares, encefalite e óbito são mais frequentes”.
O ministério também orienta que as gestantes com quadro moderado ou grave de varíola dos macacos sejam hospitalizadas, “levando em consideração maior risco”. Já as grávidas que estão com sinais da doença, mas tiveram o diagnóstico para monkeypox descartado, devem ficar em isolamento domiciliar por 21 dias, sem visitas, e refazer o exame, caso os sintomas não desapareçam.
A infectologista Raquel Stucchi, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que as chances de infecção de varíola dos macacos por vias respiratórias são baixas comparadas a outras doenças, como é o caso da covid-19. Mesmo assim, ela diz que ainda faltam informações para mensurar o impacto que essa forma de transmissão representa nos casos do surto atual.
Segundo Rachel, mulheres grávidas – juntamente com imunossuprimidos e crianças – fazem parte dos grupos de maior risco para o desenvolvimento de quadros graves da doença e, portanto, devem redobrar os cuidados em relação a bloquear a transmissão.
Fonte: Valor Econômico