O Banco Central reduziu sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 para 1,9%, de 2,1%, informou a autoridade monetária no Relatório de Inflação (RI) do primeiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira.
Segundo o BC, a projeção de crescimento do PIB em 2025 continua consistente com a perspectiva de desaceleração da economia ante 2024 e os anos anteriores, e a mudança na estimativa reflete uma redução no crescimento esperado para os setores mais cíclicos, parcialmente compensada por um aumento nos demais.
“A desaceleração esperada continua associada à política monetária mais contracionista, ao menor impulso fiscal, ao reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção e à moderação do crescimento global. Todavia, a incerteza em torno do cenário central aumentou, considerando fatores externos e domésticos”, diz a autoridade monetária.
Para o BC, os resultados sugerem que “interpretações sobre o grau de aquecimento da atividade no início de 2025 devem ser feitas com cautela”.
A expectativa de um menor ritmo de crescimento da economia ao longo de 2025, continua, em especial dos setores mais sensíveis ao ciclo econômico, foi influenciada por uma política monetária mais contracionista, evidenciada por taxas de juros reais a partir do primeiro trimestre de 2025 superiores às esperadas na época do RI de dezembro. Pelo lado da demanda, diz, continua-se esperando desaceleração relevante no consumo das famílias, na formação bruta de capital fixo (FBCF) e nas importações.
Já a melhora nas previsões para os setores menos sensíveis ao ciclo econômico deve-se, principalmente, ao aumento nas estimativas de produção agrícola e aos prognósticos mais favoráveis para a produção de petróleo, afirma o BC.
Em termos de trajetória do PIB ao longo do ano, o BC projeta um crescimento mais expressivo no primeiro trimestre, após a alta “modesta”, diz, no quarto trimestre de 2024, e certa estabilidade nos trimestres seguintes.
“A previsão de forte alta na agropecuária – bastante influenciada pela expectativa de safra recorde de soja, cuja colheita é concentrada no início do ano –, juntamente com o aumento no valor do salário mínimo e a liberação de recursos extras do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), deve contribuir para a aceleração da atividade no primeiro trimestre. Contudo, o crescimento esperado para o primeiro trimestre, especialmente ao se excluir do PIB o setor agropecuário, parece sensível à especificação do ajuste sazonal”, afirma.
Setorialmente, a redução na projeção de crescimento do PIB em 2025 envolve diminuição na indústria (de 2,4% para 2,2%) e nos serviços (de 1,9% para 1,5%) – que tiveram surpresas negativas no quarto trimestre de 2024, nota o BC – e alta na agropecuária (de 4% para 6,5%).
Sob a ótica de demanda, o BC destaca as reduções nas previsões do consumo das famílias (de 2,4% para 1,5%), e da FBCF (de 2,9% para 2%), enquanto a estimativa para a variação no consumo do governo ficou estável em 1,6%.
“O recuo na previsão para o consumo das famílias decorre, predominantemente, da surpresa negativa no quarto trimestre, quando experimentou queda acentuada (-1%). A diminuição na previsão para a FBCF resulta da expectativa de desaceleração um pouco mais intensa do que se previa anteriormente, diante de condições financeiras mais restritivas”, afirma.
No setor externo, as previsões de crescimento das exportações e das importações foram ambas aumentadas, de 2,5% para 4,0%. “A alteração das exportações decorre de prognósticos mais favoráveis para a agropecuária e para a indústria extrativa, setores com elevada participação na pauta de exportações do país. O aumento das importações reflete, majoritariamente, surpresas positivas nos volumes importados no primeiro bimestre do ano”, diz o BC.
Mesmo com alta na projeção, o BC destaca que ainda prevê uma forte desaceleração das importações em relação a 2024, quando cresceram 14,7%, em linha com a expectativa de arrefecimento da demanda doméstica.
Dadas as projeções atualizadas, as contribuições da demanda interna e do setor externo para a evolução do PIB em 2025 são estimadas pelo BC em 1,9 ponto percentual (p.p.) e 0,0 ponto, respectivamente, ante 5,2 pontos. e -1,8 ponto em 2024.
Fonte: Valor Econômico

