Por Alex Ribeiro e Larissa Garcia, Valor — São Paulo e Brasília
21/06/2022 08h56 Atualizado há 20 minutos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) disse, em ata de sua última reunião, divulgada nesta terça-feira, que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada e mais persistente que o antecipado.
“A inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques continuam levando a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis”, diz o documento, que traz mais detalhes sobre a alta de juros básicos da economia na semana passada, de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano.
“As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto em componentes mais voláteis como naqueles mais associados à inflação subjacente”, diz.
Segundo o colegiado, os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária seguem com inflação elevada e as diversas medidas de inflação subjacente aceleraram, mantendo-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.
O Copom notou que ocorreu deterioração tanto na dinâmica inflacionária de curto prazo quanto em suas projeções mais longas, “ainda que o cenário esteja cercado de incerteza e volatilidade acima do usual”.
“O ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo e, devido às defasagens de política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente”, destacou.
O colegiado reforçou na ata que a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas que sustentem a demanda agregada podem trazer risco de alta para o cenário inflacionário.
O BC repetiu a avaliação publicada no comunicado de “as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária”.
Sobre atividade econômica doméstica, o Copom disse que os dados recentes, que levaram a uma revisão positiva para o crescimento em 2022, ainda refletem majoritariamente o processo de normalização da economia após a pandemia de covid-19. Essa dinâmica se dá, segundo o BC, pelo maior consumo de serviços, pela utilização do excesso de poupança e pelo estímulo fiscal transitório efetuado no primeiro semestre do ano.
“O Comitê avalia que a atividade deve desacelerar nos próximos trimestres quando os impactos defasados da política monetária se fizerem mais presentes”, reiterou.
Para o BC, a atividade econômica surpreendeu positivamente desde a sua última reunião, de maio. “Indicadores relativos ao mercado de trabalho seguem em recuperação e a divulgação do PIB do primeiro trimestre apontou ritmo de atividade acima do esperado, elevando o carregamento estatístico para este ano”, diz a ata, que detalha as razões para a alta dos juros básicos da economia na semana passada, de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano.
“O consumo das famílias segue contribuindo positivamente, enquanto, no último trimestre, a formação bruta de capital fixo contribuiu negativamente”, conclui o Copom.
Fonte: Valor Econômico

