Por Adriana Cotias, Valor — São Paulo
06/02/2024 20h28 Atualizado há 12 horas
O Banco Safra anunciou nesta terça-feira a aquisição da Guide Investimentos, plataforma com cerca de R$ 20 bilhões em custódia. Com o movimento, o banco acelera a presença num segmento que buscava desenvolver do zero com o Safra Invest, valendo-se do modelo de distribuição das assessorias de investimentos, os antigos agentes autônomos, liderado por XP e BTG Pactual.
A aquisição deixa mais um nome da distribuição de investimentos independente pelo caminho e reforça uma onda de consolidação liderada por grandes grupos financeiros. O valor e os detalhes da transação não foram revelados pelas partes.
No ano passado, o BTG Pactual selou a aquisição da Órama, depois de uma série de transações, a exemplo da Empiricus Investimentos (antiga Vitreo), que incorporou à sua plataforma digital. Antes disso, a XP adquiriu o Modal, o Itaú Unibanco levou a Ideal, e o Santander, a Toro Investimentos.
“A XP foi pioneira, criou o ‘playbook’ e o BTG de [André] Esteves é uma máquina de replicar varejo com tecnologia, que é a única forma de acessar esse público. Os grandes bancos, aos poucos, vão ser os consolidadores”, diz um executivo que acompanha de perto operações de fusões e aquisições no setor de tecnologia financeira.
Os bancos tradicionais já perceberam que “todo mundo precisa virar digital e que as agências no futuro vão desaparecer”, prossegue esse interlocutor. O Safra começou a construir do zero a sua plataforma de investimentos, o Safra Invest, usando a distribuição das assessorias independentes, os antigos agentes autônomos, modelo desenvolvido pela XP e depois adotado pelo BTG. Chegou depois e passou a Guide.
Em meados do ano passado, o Safra Invest tinha cerca de 650 assessores e pretendia ultrapassar a marca de 1 mil em 2024. Ganha um atalho com a aquisição da Guide, com quase 300 profissionais conectados à sua rede, e uma custódia de cerca de R$ 20 bilhões. O negócio ainda precisa ser aprovado pelas autoridades reguladoras.
A Guide selou a venda de 70% do seu negócio para o grupo chinês Fosun em 2017, quando tinha R$ 11,5 bilhões em custódia e 41 mil clientes. Dois anos depois, quando a transação foi finalizada, tinha R$ 25 bilhões. Ou seja, de lá para cá, encolheu de tamanho e vinha acumulando sucessivos resultados negativos.
Nas últimas demonstrações financeiras divulgadas, referentes ao primeiro semestre de 2023, a Guide reportou prejuízo líquido de quase R$ 62 milhões, depois de perdas nos exercícios de 2022 (R$ 122,6 milhões), 2021 (R$ 122,4 milhões) e 2020 (R$ 14,5 milhões).
“O Safra reforça sua presença nos segmentos de escritórios de assessoria de investimento, onde a Guide é a quarta maior operação do mercado, enquanto o Safra Invest ocupa a terceira posição”, escreveu o banco em nota à imprensa. O objetivo é “acelerar o crescimento da Guide em todas as áreas de atuação, contribuindo com capital, expertise e ampliando ainda mais a oferta de produtos e serviços para os clientes.” Nenhum porta-voz deu entrevista.
O grupo chinês Fossun finalizou a compra do controle da Guide em 2018, mas a plataforma não conseguiu escalar a operação para se manter viva na competição das plataformas. Desde 2021, o principal acionista vinha fazendo aportes na franquia local tendo injetado cerca de R$ 450 milhões.
Fonte: Valor Econômico

