Por Joe Leahy e Hudson Lockett, Financial Times — Pequim e Hong Kong
30/01/2024 23h24 Atualizado há 15 horasPresentear matéria
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A atividade do setor manufatureiro da China se contraiu em janeiro pelo quarto mês seguido, refletindo a fraqueza do dinamismo chinês no início do ano, apesar do esforço de Pequim para estimular a confiança na recuperação.
O índice oficial de gerentes de compras (PMI) do setor do país, divulgado ontem, foi de 49,2 para o mês, alinhado com a previsão de analistas consultados pela Reuters e levemente superior à leitura de 49 em dezembro. O resultado abaixo de 50 marca uma contração em relação ao mês anterior.
O índice não-manufatureiro, que abrange o setor de serviços e de construção, subiu 0,3 ponto em relação a dezembro, para 50,7 — o nível mais alto desde setembro e um indicativo de “expansão constante”, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas (DNE).
No entanto, analistas afirmam que os números mostram que uma crise imobiliária de longa duração, a fraqueza da demanda por exportações e a baixa confiança de investidores e consumidores continuam a afetar a economia chinesa.
“O impulso econômico seguiu discreto, já que a pressão deflacionária persiste”, disse Zhiwei Zhang, economista e presidente da Pinpoint Asset Management.
Hong Kong também divulgou dados, ontem, que mostram crescimento econômico abaixo do que se esperava. Os números oficiais mostram que seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,2% em 2023, pois o território sofreu os efeitos da desaceleração da China, da queda nas exportações e das taxas de juro mais elevadas dos EUA.
A China já anunciou uma série de medidas para sustentar a economia do país, em especial um reforço do crédito para estimular o setor imobiliário, a construção de obras de infraestrutura e outros setores estratégicos.
Embora o PIB do país tenha crescido 5,2% em 2023 e ultrapassado a meta oficial de 5%, esse número foi achatado por um efeito de base baixa no ano anterior, quando lockdowns para combater a pandemia da covid-19 travaram o país.
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), as iniciativas de estímulo da China, entre elas o investimento fiscal em ajuda para conter calamidades, vão melhorar as perspectivas este ano. Na terça-feira o Fundo elevou a projeção de crescimento chinês em 2024 para 4,6% — dos 4,2% de outubro.
“Essa elevação carrega reflexos do crescimento mais forte do que o esperado em 2023 e do aumento dos gastos do governo no desenvolvimento da capacitação contra desastres naturais”, comentou o FMI em seu relatório anual.
As ações chinesas tiveram uma queda leve depois da divulgação dos últimos dados fracos sobre a atividade industrial da China, com o índice CSI 300 em baixa de 0,2% e o índice Hang Seng China Enterprises de Hong Kong, de 1,3%. Este ano os índices caíram cerca de 6% e 10%, respectivamente.
O Departamento de Estatísticas da China informou que os grandes fabricantes tiveram uma expansão da atividade em janeiro, mas as pequenas e médias empresas prosseguem no terreno da contração.
No setor não-manufatureiro, a atividade da construção também continuou a se expandir, mas o crescimento desacelerou significativamente. Já o setor de serviços voltou ao terreno positivo depois de uma contração de dois meses.
O índice composto dos setores manufatureiro e não-manufatureiro foi de 50,9, um aumento de 0,6 em comparação com o mês anterior. Isso, segundo o Departamento de Estatísticas, “indica que a produção como um todo e atividades operacionais das empresas do país continuam a se expandir”.
A expectativa é que o governo defina uma meta de crescimento de 5% para 2024 na reunião anual de seu Parlamento, em março.
Mas o HSBC, em nota de pesquisa a investidores, advertiu que mais estímulos serão necessários para atingir essa meta. “Ainda observamos a necessidade de apoio político contínuo em várias frentes, em especial do lado fiscal, para ajudar a sustentar o crescimento e ajudar a reanimar a confiança”, diz a nota.
Zhang, da Pinpoint, observou que a orientação da política fiscal da China se tornou mais pró-ativa no fim do ano passado, mas “a transmissão disso para a economia tem sido lenta” e possivelmente reflete “a falta de projetos de infraestrutura adequados”.
O governo não mostra disposição de conceder subsídios fiscais para incentivar o consumo diretamente e, embora o banco central tenha reduzido o nível de reservas que os bancos devem ter para tentar estimular a demanda, as taxas de juro reais seguem elevadas por causa das pressões deflacionárias, o que desencoraja os investidores.
Zhang acrescentou que sua expectativa é de que o Banco Popular da China dê continuidade aos cortes nas taxas de juro neste primeiro semestre de 2024.
Fonte: Valor Econômico