De olho no dinheiro que começa a “se espalhar” no mercado após a taxação dos fundos fechados exclusivos, bancos e gestoras estão apostando no nicho de carteiras administradas e já registram aumento significativo na procura. Diante da recente sofisticação e ampliação do mercado de crédito privado, com diversos produtos isentos de imposto de renda, o campo a explorar é farto. O BTG Pactual registrou em 2023 aumento acima de 50% no total sob gestão em carteiras administradas frente ao ano anterior. A XP não revela o percentual, mas diz que já soma R$ 4,5 bilhões no segmento. Santander, Itaú Asset e Portofino Multi Family Office falam em crescimento significativo e planejam até levar o produto ao varejo.
Rogério Freitas, chefe da XP Advisory, diz que, de agosto para cá, a instituição identificou o potencial do segmento e incrementou o produto. E, segundo ele, o patrimônio sob gestão vem apresentando crescimento constante de dois dígitos. A XP ampliou as opções de perfil e incluiu produtos estruturados e alternativos, como Fiagros e fundos imobiliários, para patrimônios a partir de R$ 5 milhões.
“Uma alocação em um fundo de investimento em participações em infraestrutura, por exemplo, agora sai do veículo exclusivo e vai compor a carteira administrada.” Ele avalia que exclusivos fechados abaixo de R$ 15 milhões podem migrar para a carteira, já que o custo de manutenção desses fundos é alto. “A sofisticação e o amadurecimento do mercado brasileiro aumentaram a necessidade de um time de gestão. Vamos voltar a ver o processo de ‘financial deepening’ [aprofundamento e aumento da oferta dos serviços financeiros], após dois anos de estabilização.”
No Santander, Gustavo Schwartzmann, executivo-chefe de investimentos do private banking, diz que está havendo aumento na procura tanto pela carteira administrada de isentos (certificados de recebíveis imobiliários, os CRIs, do agronegócio, os CRAs, e debêntures de infraestrutura) quanto pela mista, que inclui, por exemplo, ações, multimercados e renda fixa, o que a torna, na prática, muito parecida com os fundos exclusivos.
De acordo com o executivo, metade da base dos fundos exclusivos fechados está buscando opções, sendo que de 30% a 40% vão migrar para fundos de previdência, renda variável e crédito privado, e os 10% restantes devem montar carteiras administradas na pessoa física. “A maioria optou por pagar o imposto antecipado de 8% e agora estuda otimização tributária”, afirma.
Vamos voltar a ver o processo de ‘financial deepening’ após dois anos de estabilização”
Fonte: Valor Econômico
