Papéis dos setores financeiro e de commodities são destaque após mês turbulento
Por Nathália Larghi — De São Paulo
02/03/2023 05h03 Atualizado há 6 horas
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Após o mergulho do Ibovespa em fevereiro, quando o índice acionário acumulou desvalorização de 7,5%, metade das indicações da Carteira Valor mudaram para este mês. E a seleção assumiu um caráter mais conservador. Se no mês passado ações ligadas ao consumo e à atividade local dominavam as indicações das corretoras, desta vez os segmentos financeiro e de commodities são os que têm mais representantes. A ideia é proteger o portfólio e apertar os cintos para mais turbulências que possam surgir.
A mais indicada para este mês é a ação da Vale, apontada sete vezes. Em seguida, vêm os papéis da petrolífera Prio (antiga Petro Rio), com seis indicações. As novidades no segmento de commodities ficam por conta da fabricante de aço Gerdau e da produtora de açúcar e etanol São Martinho, com quatro e três indicações, respectivamente.
O setor financeiro foi o segundo com mais representantes. As ações de Itaú Unibanco e Banco do Brasil voltaram a aparecer, indicadas por cinco e quatro corretoras. A novidade é a BB Seguridade, também com quatro indicações.
Por fim, encerram a lista as ações da farmacêutica Hypera, que seguem na seleção com três indicações, e os papéis da fabricante de equipamentos WEG e da empresa de software Totvs, apontadas por três casas cada uma.
A postura conservadora veio após um mês de incertezas. Fevereiro foi marcado por discussões sobre a possibilidade de mudança na meta de inflação brasileira e dados fortes na economia dos Estados Unidos, que trazem ainda mais pressão inflacionária por lá.
A Carteira Valor é formada pelas dez ações mais recomendadas pelas corretoras participantes, selecionadas a partir da indicação mensal de cinco papéis por instituição. Em caso de empate, prevalecem as ações com maior volume financeiro médio em bolsa, no período de 90 últimos dias úteis encerrado no fim de cada mês. O rendimento é calculado mensalmente com base na variação média simples das ações. As indicações não consideram diferentes pesos para cada papel.
O ano de 2023 trouxe uma novidade: a chegada do Pagbank. Por outro lado, a Toro Investimentos, que hoje é do Santander, deixou de participar da seleção. Atualmente, compõem a Carteira Valor: Ativa, Ágora, BB Investimentos, Banco Inter, CM Capital, Genial, Guide, Mirae, Modalmais, MyCap, Nova Futura, Órama, Pagbank, Planner, Safra, Santander, Terra, Warren e XP Investimentos.
Recentemente, a Carteira Valor passou a apresentar novas funcionalidades. Agora, os leitores podem comparar o desempenho das corretoras participantes em diferentes períodos, ver gráficos de desempenho da Carteira e do Ibovespa em tempo real, filtrar e classificar as instituições por desempenho, dentre outras novidades.
Em fevereiro, a Carteira Valor caiu 7,34%, enquanto o Ibovespa teve uma queda de 7,49%. No ano até fevereiro, a Carteira Valor perdeu 3,84% e o principal indicador de referência da bolsa recuou 4,38%. Em 12 meses até fevereiro, a Carteira Valor acumula queda de 5,57% e o Ibovespa, de 7,26%.
Para o time de análises da Órama, embora o preço do minério de ferro tenha declinado, ele ainda se mantém acima da média histórica. Agora, a expectativa é de manutenção neste patamar atual, “o que assegura um preço ainda muito bom para a Vale, com ampla geração de caixa e capacidade de pagamento de proventos”. O time também destacou a robusta política de pagamento de dividendos semestrais da companhia, que tende a atrair mais investidores e alavancar os seus papéis.
Para a MyCap, a Prio é a melhor opção para se manter exposta ao segmento petrolífero. Os analistas destacam que “a conclusão das tratativas para exploração que a companhia apresentou no ano de 2022” foi muito positiva. Recentemente, foi concluída a compra do Campo de Albacora Leste, que era da Petrobras, por parte da Prio.
No caso de Itaú Unibanco, a Órama diz que a instituição tem um histórico de bom desempenho, com alta lucratividade e crescimento em linha com o mercado. Embora o banco tenha sofrido com a chegada das fintechs, os analistas destacam que os novos entrantes têm passado por dificuldades, enquanto os bancos tradicionais mostram resiliência. “Vemos no Itaú um negócio mais resiliente do que o mercado precifica, e com isso incluímos o papel na nossa carteira.”
Os analistas da MyCap afirmam que manterão a exposição às ações da Gerdau devido ao elevado preço das commodities. Para a corretora, mesmo com a perspectiva de uma redução na demanda chinesa, há expectativa de que haja uma demanda interna elevada, especialmente com incentivos governamentais. Os analistas ainda destacam a exposição internacional que a companhia tem, o que a deixa protegida em caso de mudanças no cenário interno.
Para os analistas da Ágora, a forte dinâmica de lucros que a BB Seguridade – novidade nas indicações – vem apresentando deve continuar nos próximos trimestres, especialmente com uma contribuição positiva do negócio de previdência.
Confira as recomendações de cada corretora para a Carteira Valor
Fonte: Valor Econômico