Bill Ackman montou uma nova máquina de aquisições, concretizando sua antiga aspiração de criar um conglomerado à imagem da Berkshire Hathaway de Warren Buffett. Ackman disse ontem que está assumindo o controle efetivo da Howard Hughes, uma incorporadora de capital aberto que ele já controlava parcialmente, depois de investir mais US$ 900 milhões na empresa baseada no Texas.
Sob os termos do acordo, ela vai mudar sua estratégia para se tornar um conglomerado diversificado, com o objetivo de adquirir participações de controle em empresas públicas e privadas, sob as instruções de Ackman e sua equipe de investimentos.
Ackman vinha trabalhando no acordo há meses, mas enfrentou reações negativas de acionistas da Howard Hughes por causa de uma proposta incomum de taxa de administração que poderia render dezenas de milhões de dólares por ano à sua gestora, a Pershing Square. Ele concordou em suavizar os termos dessa cobrança de honorários, abrindo caminho para o acordo fechado ontem.
A Howard Hughes pagará à Pershing Square US$ 15 milhões por ano por sua equipe de investimentos, liderada por Ackman e seu diretor de investimentos Ryan Israel, para buscar aquisições. Ela também deverá à Pershing Square uma taxa de 1,5% sobre qualquer aumento no valor de mercado da Howard Hughes acima da taxa de inflação.
Uma comissão especial formada pelo conselho da Howard Hughes analisou as reclamações sobre os termos originais. O novo acordo foi visto positivamente por alguns grandes acionistas da incorporadora, que tinham cogitado bloquear uma iniciativa anterior lançada por Ackman em janeiro.
Naquele primeiro esforço, Ackman havia proposto à Howard Hughes pagar à Pershing Square uma taxa de administração de 1,5% sobre todo o ganho em valor de mercado da empresa, sem limite mínimo de desempenho. Mas, na nova proposta, a taxa está atrelada à capitalização de mercado atual e ao número de ações em circulação da Howard Hughes, o que significa que Ackman não será remunerado simplesmente por emitir novas ações da incorporadora para financiar aquisições.
“A mudança na taxa de administração é uma modificação muito grande em relação às propostas anteriores”, disse um grande acionista ao “Financial Times”. “Não é o acordo perfeito, mas a comissão especial levou em conta alguns comentários recebidos”, disse.
No entanto, outros acionistas criticaram o patamar baixo estabelecido para a taxa de Ackman, argumentando que ela deveria estar vinculada ao índice S&P 500 ou um referencial mais rigoroso. O acordo não exigiu votação dos acionistas e foi concluído ontem.
Ackman criou a Howard Hughes em 2012 como uma forma de sair de um de seus maiores negócios, uma grande aposta na falida construtora de shopping centers General Growth, durante a crise financeira de 2008. Em vez de vender suas ações, Ackman assumiu o controle de parte das propriedades não essenciais da General Growth, incluindo grandes empreendimentos residenciais em Houston, Las Vegas, Maryland e Havaí.
Há muito Ackman acredita que os imóveis da empresa – que até agora não foram altamente valorizados pelos investidores do mercado – podem ser estruturados para financiar grandes aquisições corporativas, aproveitando seus fluxos de caixa e benefícios fiscais.
Ackman disse em comunicado à imprensa que o valor da Howard Hughes “em grande parte passou despercebido” pelos acionistas públicos e que agora a empresa poderá se tornar “uma plataforma excepcional para construir uma holding com crescimento mais acelerado e retornos elevados”.
Fonte: Valor Econômico
