Por Nikkei Asia, Valor — Xangai
06/07/2023 02h09 Atualizado há 37 minutos
O yuan está próximo de uma mínima de mais de 15 anos em relação ao dólar, com as taxas de juros dos Estados Unidos se estabelecendo firmemente acima de seus equivalentes chineses, limitando as opções de Pequim para reenergizar uma economia em desaceleração.
A moeda chinesa encerrou o dia de negociação em Xangai na quarta-feira em 7,244 em relação ao dólar. O yuan caiu para 7,273 na sexta-feira passada – seu ponto mais baixo desde novembro passado – dois dias depois que o comitê de política monetária do Banco do Povo da China (PBoC, o banco central) realizou uma reunião trimestral na qual disse que iria “afastar o risco de altas e baixas drásticas em taxas de câmbio.”
Se o yuan cair abaixo do patamar de 7,328 de novembro passado, esse será o nível mais fraco desde dezembro de 2007.
A venda recente foi impulsionada principalmente pelo que o PBoC chamou de influência do aperto monetário nas economias avançadas. Os aumentos repetidos do banco central americano (Fed) empurraram as taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos acima da China no ano passado pela primeira vez em cerca de 12 anos.
As projeções divulgadas pelo Fed em junho sugerem mais dois aumentos em 2023, o que elevaria as taxas de longo prazo para quase 4%. Enquanto isso, o rendimento dos títulos do governo de dez anos referenciais da China está na faixa de 2,7%, perto de uma baixa histórica. Esse aparente “novo normal” de rendimentos mais altos nos Estados Unidos do que na China prejudicou a capacidade chinesa de atrair capital.
A queda do yuan está alarmando o governo chinês, que ainda tem boas lembranças do “choque do yuan” de 2015, quando quase perdeu o controle sobre a taxa de câmbio.
O PBoC está tomando medidas para conter o declínio da moeda. A Reuters informou que o banco central orientou os credores a reduzir as taxas de juros sobre depósitos em dólares.
O Banco da China, uma das quatro grandes instituições estatais, está oferecendo uma taxa anual de 0,5% sobre depósitos a prazo de seis meses para clientes de varejo – abaixo dos 2,6% no início de junho e abaixo da taxa de 1,7% sobre depósitos em yuan – – removendo um incentivo para os depositantes venderem o yuan por outras moedas.
Os problemas cambiais da China surgem em um momento desafiador, no contexto de uma lenta recuperação econômica.
O índice oficial de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria ficou abaixo de 50 pelo terceiro mês consecutivo em junho (números abaixo de 50 indicam contração da atividade).
Mesmo após o fim da política de “zero covid” do governo em dezembro, muitos ainda nutrem preocupações profundas sobre seus empregos e renda, e a fraqueza persistente do mercado imobiliário está contribuindo para a pressão desinflacionária.
Mas o PBoC continua desconfiado de fazer cortes substanciais nas taxas para impulsionar a economia, preocupado com a ampliação do diferencial de taxas com os Estados Unidos e potencialmente acelerando a queda do yuan.
Quando a moeda desvalorizou no fim do ano passado, a China acrescentou um “fator anticíclico” aos cálculos da correção diária do yuan em relação ao dólar para conter seu declínio. O banco central também reduziu a taxa de compulsório de reserva cambial, ou a quantidade de moeda estrangeira que os bancos comerciais precisam manter custodiados no banco central.
Uma análise baseada no modelo de moeda da Huachuang Securities mostra sinais de que o PBoC está ajustando sua variável anticíclica. Uma vez que o governo chinês está relutante em se envolver em uma intervenção direta que reduziria suas reservas cambiais, espera-se que tais medidas indiretas sejam suas principais ferramentas para combater a pressão de baixa sobre o yuan.
Fonte: Valor Econômico

