Por Adriana Cotias — De São Paulo
15/08/2023 05h03 Atualizado há 5 horas
A XP Inc. encerrou o segundo trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 977 milhões, um crescimento de 23% em relação aos três primeiros meses do ano e de 7% na comparação com igual intervalo em 2022.
No negócio principal, de investimentos, a plataforma ainda sofre com a menor disposição do investidor para aplicações de maior risco. A captação líquida chegou a R$ 22 bilhões no trimestre, 36% acima do anterior, mas 49% inferior à obtida no mesmo período em 2022.
Os ativos sob custódia atingiram R$ 1,024 trilhão, resultado de alta de R$ 104 bilhões na captação líquida em 12 meses e R$ 73 bilhões da valorização dos ativos, conforme já divulgado na prévia operacional. A plataforma chegou a junho com 4,013 milhões de clientes, um incremento de 11% em 12 meses. Com a recente aprovação da aquisição do Banco Modal, essa base já começa o terceiro trimestre na casa dos 4,5 milhões.
Após um primeiro trimestre desafiador, o CEO da XP, Thiago Maffra, disse ver indícios de melhora adiante, com maior dinamismo do mercado de capitais em junho e a recente redução da Selic, para 13,25%. “Atividade mais forte e taxas mais baixas favorecem nosso negócio”, disse em conferência com analistas. O executivo acha difícil projetar o comportamento da captação nos próximos trimestres. “Se pensar em um, dois ou três anos, acreditamos que haverá um novo ciclo de investimentos. Mais importante é o cenário como um todo do que trimestre a trimestre.”
Os ativos em custódia em mais de R$ 1 trilhão são mais relevantes para a receita do que o fluxo, segundo Bruno Constantino, executivo-chefe de finanças da XP. O ingresso de dinheiro novo já é melhor, mas ainda incomparável a períodos de “bull market”, de mercados em alta, enquanto a saída segue intensa. “Os investidores individuais são mais lentos no processo de migração para ativos mais arriscados, ainda não chegamos lá, não sabemos quando, essa é a parte cíclica do negócio.”
A XP registrou R$ 3,728 bilhões de receita bruta no segundo trimestre, alta de 12%. O varejo contribuiu com R$ 2,892 bilhões. A receita líquida foi de R$ 3,549 bilhões, 12% superior no trimestre.
No varejo, coração da XP, houve estabilização das receitas de renda variável e recuperação nas de renda fixa. Nesta linha, houve um crescimento de 74% no trimestre, com o aumento dos volumes no secundário de crédito privado e de títulos bancários. Novas verticais, como previdência, cartões, crédito e seguros tiveram alta de 9%.
O resultado antes de impostos e taxas (EBT) ficou em R$ 968 milhões, com incremento de 19% no trimestre. A margem EBT avançou de 26% para 27,3%, ante 25,3% de um ano atrás.
Com 6,002 mil colaboradores ao fim de junho, a XP fez um corte de 144 funcionários no segundo trimestre, com uma diminuição de 5% da força total em relação ao mesmo período do ano passado. As despesas de pessoal caíram 18% entre os dois exercícios, mas subiram 18% no segundo trimestre. As despesas administrativas aumentaram 19% no trimestre.
No relatório de resultados, a XP escreve que isso está em linha com a projeção anual, que prevê gastos entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões para 2023. O crescimento se deu, principalmente, em bônus, em razão da melhora da atividade de mercado de capitais, e da normalização de compensações via ações após o impacto menor no primeiro trimestre devido à redução do número de colaboradores.
Fonte: Valor Econômico

