Por Adriana Cotias, Valor — São Paulo
08/11/2022 18h55 Atualizado
A XP Inc. sentiu o golpe de uma certa acomodação dos investidores em estratégias de renda fixa, com queda na captação líquida, nas receitas com taxas de administração, performance e rebates em fundos de investimentos e nas tarifas com corretagem de ações. Ao mesmo tempo, as despesas administrativas cresceram, sob efeitos da expansão de pessoal contratada em 2021.
Apesar dessa combinação, o grupo fechou o terceiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 1,031 bilhão, alta de 13% na comparação com abril a junho, e de 10% em relação ao mesmo intervalo de 2021. A margem líquida foi de 28,5%, um recuo de 105 pontos básicos na comparação anual, mas incremento de 186 pontos no trimestre. A XP também divulgou um lucro ajustado de R$ 1,149 bilhão, com alta de 11% em 12 meses.
Como já divulgado na sua prévia operacional, a captação líquida entre julho e setembro foi de R$ 35 bilhões, 19% abaixo do trimestre anterior, com uma queda de 7% em 12 meses. Os ativos sob custódia alcançaram R$ 925 bilhões, com alta de 17% em relação a setembro de 2021. A base de clientes ativos era de 3,8 milhões.
As receitas brutas somaram R$ 3,8 bilhões, com alta de 14% em comparação ao mesmo período do ano passado, e de 5% no trimestre. Segundo a XP, o desempenho foi impulsionado pelas frentes institucional, de corporate e mercado de capitais, que cresceram 105% e 34%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2021.
A receita de renda variável totalizou R$ 1,120 bilhão no trimestre, uma redução de 22% ano contra ano e um aumento de 5% no trimestre. A queda anual está relacionada principalmente ao fato de os investidores de varejo buscarem investimentos de menor risco, como ativos e fundos de renda fixa.
Já a receita com operações de renda fixa totalizou R$ 489 milhões, um aumento de 12% em 12 meses, mas com queda de 16% no trimestre. Segundo a XP, o recuo trimestral se justifica por uma maior demanda por ativos com vencimentos mais curtos.
As rendas da plataforma de fundos, por sua vez, caíram 20% em 12 meses e 29% no trimestre, a R$ 282 milhões. O desempenho foi pressionado pelo crescimento mais lento de ativos de clientes, juntamente com a migração de fundos de ações e multimercados para categorias de menor volatilidade.
Na carta aos investidores, o CEO da XP, Thiago Maffra, escreveu que o cenário macroeconômico em 2022 mostrou-se mais desafiador do que o esperado. “Na história da XP, passamos por vários outros momentos difíceis que exigiram uma forte adaptabilidade e foco na eficiência e lucratividade, que nunca demos por garantida.”
Ele acrescentou que no início do ano a companhia reduziu o ritmo de contratações e identificou iniciativas que poderiam limitar o crescimento das despesas sem afetar o andamento de novos negócios. “Assim, a maior parte do aumento de despesas de 2022 até agora foi devido a decisões que tomamos em 2021, quando ampliamos significativamente nossa equipe comercial.”
As despesas administrativas totalizaram R$ 1,463 bilhão no terceiro trimestre, com aumento de 15% em 12 meses e na comparação anual. O plano, segundo Maffra, é concluir 2022 e seguir em 2023 com o aumento do quadro de funcionários concentrado principalmente em assessores treinados. “Portanto, não esperamos ver crescimento de despesas na mesma magnitude em 2023.”
Fonte: Valor Econômico

