25 Aug 2022 A.B.
Entre investidores e analistas, a ansiedade pelo simpósio de Jackson Hole é grande. Eles buscam sinais para o processo de aperto das condições financeiras nas principais economias, sob o temor de recessão à vista.
Para o economista-chefe para os EUA do Citi, Andrew Hollenhorst, há o risco de Powell ter um discurso mais hawkish (manutenção de taxas de juros altas). “Não podemos dizer que há uma certeza, mas há um risco”, afirmou Hollenhorst ao Estadão/broadcast.
Ao mesmo tempo ele pondera que Powell pode aguardar novos dados da economia antes de decidir se continua elevando, ou não, os juros.
No geral, Wall Street espera que Powell seja cauteloso e evite comemorações antecipadas após dados de julho sugerirem que o pico da inflação nos EUA pode ter sido superado.
“A ata da reunião de julho deu um vislumbre do que provavelmente será um tema importante do simpósio: gerenciar os riscos de declarar uma vitória prematura sobre a inflação”, reforça o banco britânico Barclays, a clientes.
Antes da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em setembro, são esperados novos dados dos EUA, incluindo o comportamento dos preços e do mercado de trabalho em agosto. Sem eles, Powell pode preferir ser mais contido em seu discurso.
O banco Brown Brothers Harriman (BBH) avalia que, diferentemente dos últimos anos, quando o Fed usou o simpósio para sugerir mudanças em sua política monetária, agora a autarquia não vai querer se comprometer antes da próxima reunião.
Para a reunião de novembro do Fomc, o mercado segue dividido. A maioria (54,5%) espera uma terceira elevação de 0,75 ponto porcentual, enquanto as chances de uma alta menor, de 0,50 ponto porcentual, estão em 45,5%, conforme a plataforma CME Group.
Na visão do economista-chefe da Capital Economics para os EUA, Andrew Hunter, o Fed deve desacelerar o aperto monetário nos EUA, elevando os juros básicos em 0,50 ponto porcentual na reunião de setembro, para a faixa entre 3,75% e 4,00% no início de 2023.
Para além do ritmo de altas nos juros, o Bank of America afirma que não espera mudança na postura do Fed em termos de um possível corte de taxas no horizonte. Powell, na visão do gigante de Wall Street, deve repetir a mensagem de que uma política restritiva é necessária até que se tenham evidências “claras e convincentes” de que a inflação nos EUA convergirá à meta de 2%. •
Fonte: O Estado de S. Paulo